Aprendizado e Saber

7 livros que vão ampliar sua visão sobre ciência e inovação

No Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, confira dicas de leitura de nossos cientistas

De uma jornada às profundezas do mar – com direito a fortes emoções pelo caminho - a uma viagem às galáxias mais distantes de um universo distópico e desconhecido. Da evolução dos microorganismos no planeta Terra às principais invenções e descobertas da humanidade. Sem antecipar mais “spoilers”, a gente te convida a explorar novos mundos e a participar de aventuras instigantes – tudo isso sem sair do sofá.

No Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador, nossos especialistas indicam livros – de ficção e não ficção - que vão ampliar sua visão sobre ciência e inovação.

“Fundação”, de Isaac Asimov

Um universo futurista, em que a galáxia está colonizada e a Terra já é uma lenda. Nesse cenário, um matemático prevê para a humanidade uma crise econômico-social seguida de 30 mil anos de barbárie. Utilizando uma enorme quantidade de dados e o poder de computação avançado, ele traça um plano para preservar o conhecimento acumulado pela humanidade - que poderia reduzir o período da crise para apenas mil anos.

Lançado em 1951, o livro é o primeiro volume da Trilogia Fundação e é a indicação do consultor Hardy Leonardo Pinto. “A ideia de que uma grande quantidade de dados (big data) possa ser processada para encontrar tendências (data analytics) foi surpreendente e soava bastante plausível. Acabou sendo confirmada com a onda de deep learning do século XXI", disse ele.

"Além disso, o livro mostra que, mesmo para situações belicosas, é possível achar uma solução utilizando conhecimento e tecnologia”, acrescentando que duas frases do livro são especialmente marcantes: “A violência é o último refúgio do incompetente” e “Para ter sucesso, apenas planejar é insuficiente. Também é preciso improvisar”.

“De onde vêm as boas ideias: uma história natural da inovação”, de Steven Johnson

Da próxima vez que estiver fazendo um passeio, contemplando a natureza ou lendo um livro, fique atento. É em situações como essas – muitas vezes inesperadas - que as ideias inspiradoras surgem . “Momentos assim nos tiram do foco centrado em tarefas da vida moderna e nos inserem num estado mais associativo”, afirma nossa cientista Úrsula Schmid, para quem o livro “De onde vêm as boas ideias” apresentou dois conceitos que norteiam a inovação e a vida científica: o de “serendipity” – que significa “encontrar algo que se desejava, só que inesperadamente” - e a necessidade de se conectar ideias.

Na obra, Steven Johnson descarta o senso comum de que criadores já nascem geniais e que concebem as grandes descobertas isolados em seus laboratórios. Traçando a história de quase 200 descobertas e invenções, ele procura comprovar que um ambiente conectado, em que intuições circulam livremente, é mais propício para o surgimento de grandes invenções.

“Somos em geral mais bem-sucedidos ao conectar ideias do que ao protegê-las. Ao examinarmos a inovação na natureza e na cultura, percebemos que ambientes que constroem muros em torno de boas ideias tendem a ser menos inovadores que ambientes mais abertos. Boas ideias querem se conectar, se fundir, se recombinar”, afirma Úrsula, acrescentando o aprendizado sobre “serendipity”. “São descobertas realizadas, aparentemente, por acaso. Feitas de felizes coincidências, sem dúvida, porém muito significativas para quem as fez. Completam uma intuição ou abrem uma porta para algo possível que ainda não tínhamos percebido”.

“Um TOC na CUCA”, de Roger Von Oech

A importância de nos avaliarmos, percebermos e desconstruirmos nossos paradigmas e formas de pensar, identificando os principais padrões e bloqueios mentais que limitam, ou até mesmo impedem o nosso pensamento criativo. Esses foram os principais aprendizados que Leonardo Rabello da Silva, engenheiro de equipamentos do nosso Centro de Pesquisas (Cenpes) teve ao ler esse livro.

Apontado como um manual para treinamento em criatividade e reciclagem de pessoal, o autor dá dicas e mostra técnicas para quem quer ter mais criatividade. “Consegui perceber vários paradigmas mentais que eu venho carregando e notei claramente onde posso evoluir e vencer barreiras para colaborar ainda mais com a minha família, empresa e sociedade com boas ideias e ações”, aponta Leonardo.

 

“Parasite Rex”, de Carl Zimmer

Quase 20 anos antes de o filme campeão de bilheteria “Parasita” ser lançado, um livro tratou o tema - mas com uma abordagem científica, trazendo muitas interpretações curiosas. “Parasita Rex: Inside the Bizarre World of Nature's Most Dangerous Creatures” conta a evolução desses microorganismos e como eles se adaptaram às diferentes etapas a evolução da Terra..

“O mais interessante é que o autor analisa o modo de vida desses organismos não pelo interesse médico, mas como uma estratégia adaptativa. Sob esta ótica, o parasitismo tem o mesmo valor que, por exemplo, o predatismo – conceito científico em que um animal (predador) se alimenta do outro (presa)”, aponta o biólogo, Rubens Nobumoto Akamine.

Para ele, a obra desfez preconceitos e o fez ver um lado belo desses organismos e como sua interação com os hospedeiros tornaram suas histórias evolutivas únicas. “Nossa visão do mundo natural é muito influenciada pelos nossos próprios valores subjetivos e culturais. A natureza não julga”, conclui.

 

“20 mil Léguas Submarinas” e “Da Terra à Lua”, de Julio Verne

“A Inutilidade do Inútil”, de Nuccio Ordine

O engenheiro Luiz Claudio Moreira Paschoal começou listando os clássicos. Citou Júlio Verne, que explorou a exuberância e os mistérios do fundo do mar em “20.000 Léguas Submarinas” até o infinito do espaço em “Da Terra à Lua”. “Verne foi visionário pois a realidade que se apresenta hoje reflete o que ele antecipou em suas obras”.

Mas, para Paschoal, um livro impactante para quem é engenheiro e tende a acreditar somente na importância das coisas concretas geradas pela ciência é “A utilidade do inútil”, que apresenta a extrema necessidade dos saberes considerados inúteis (tudo aquilo que não tem um fim utilitarista, ou seja, que não gere lucro) para a evolução da humanidade.

“O autor mostra como a necessidade de gerar algo útil bloqueia a nossa criatividade, fazendo com que não consigamos ter ideias realmente inovadoras, que atendam a anseios muitas vezes não explicitados da sociedade. Uma leitura que liberta a alma para poder efetivamente criar e evoluir”, afirma Luiz Paschoal.

#livros #inteligênciaartifical #ciêncianodiaadia
Compartilhe