Cultura

Mãos que contam histórias

Saiba mais sobre a tradição e a importância da xilogravura na cultura brasileira

Você sabe o que é xilogravura? Em poucas palavras, é uma técnica de impressão que o artista, sem precisar de grandes artefatos, entalha a madeira, pinta as suas partes elevadas e, por fim, pressiona a madeira em papel ou tela. Era a impressora mais rápida que tinha na época! Imagine que a outra opção seria escrever ou pintar em cada um dos papéis? Impossível!

A xilogravura surgiu na China e, antes de chegar no Brasil, também conheceu outras partes do mundo, como Japão e Europa. São mais de 17 séculos percorrendo os quatro cantos do mundo! Ela já foi utilizada na produção de obras de arte, livros, cartazes e até mesmo para estampar tecidos.

 

A xilogravura no Brasil: da produção de livros à expressão do folclore nordestino

Na Europa, a xilogravura ganhou popularidade durante a Idade Média, principalmente na produção de livros religiosos. Assim que chegou aqui no Brasil, o trabalho dos xilogravadores se manteve direcionado a produtos literários. Mas quando a arte desembarcou no Nordeste brasileiro, encontrou uma nova roupagem.

O traço nordestino trouxe o uso de cores vibrantes e traços marcantes. As gravuras, muitas vezes, abordam o folclore, como o bumba-meu-boi, o cangaço e as festas populares, retratando a cultura e o imaginário do povo nordestino. O primeiro folheto de xilogravura de cordel que se tem notícia foi produzido pelo paraibano Leandro Gomes de Barros, ainda no século  18.

 

Xilogravura e a democratização da informação: como a arte tornou histórias acessíveis

Artistas como J. Borges, Mestre Noza e Gilvan Samico se destacaram na produção de xilogravuras nordestinas, retratando o cotidiano, lendas e tradições da região. Através das imagens feitas na madeira, muitas histórias se tornaram mais acessíveis à população quando começaram a ser publicadas, porque boa parte delas não sabia nem ler ou escrever. Era pela arte que eles se informavam.

Além disso, a técnica também foi utilizada como forma de resistência e manifestação política. Durante o período da ditadura militar no Brasil, por exemplo, artistas nordestinos como Francisco Brennand e Ariano Suassuna a utilizaram para expressar suas críticas e resistir ao regime autoritário. Suassuna, inclusive, é um dos precursores do Movimento Armorial, que contempla a reunião de diversas manifestações culturais nordestinas, inclusive a xilogravura.

 

Exposição Movimento Armorial 50 anos: celebrando a diversidade cultural nordestina através da xilogravura

Para quem quiser conferir mais de perto sobre o assunto, aqui fica o nosso convite para a exposição Movimento Armorial 50 anos, que está atualmente no Museu de Arte Popular da Paraíba, em Campina Grande. São mais de 120 obras de artistas dos mais variados gêneros do movimento, que já passaram por diversas outras cidades, como Recife e Rio de Janeiro.

A exposição faz parte do nosso Programa Petrobras Cultural, que promove projetos culturais das mais diversas áreas e pretende ajudar na preservação do patrimônio cultural brasileiro.

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