Para trabalhar em águas profundas e ultraprofundas, às vezes é preciso saber lidar com o inesperado. Afinal, trata-se de um ambiente inóspito e com condições adversas, que exige o máximo da capacidade técnica de nossos profissionais e é povoado com exemplares curiosos de uma vida marinha cuja riqueza, até hoje, não é totalmente conhecida.
Na época das grandes navegações, em que a cartografia marinha ainda não tinha sido mapeada como é hoje, era comum a presença, nos mapas, de criaturas gigantescas e de aspecto monstruoso. Cabia a elas representar os perigos de mares até então inexplorados e que, aos poucos, foram revelados por jornadas de descobridores como Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral.
Centenas de anos depois, a biodiversidade marinha ainda provoca fascinação com as descobertas de seres abissais, ou seja, capazes de sobreviver em ambientes com escassez de luz natural e alimento, baixíssima temperatura e pressão bastante elevada. Para se ter uma ideia, a cerca de 300m de profundidade essa pressão já se aproxima de 30 atmosferas, o que significa algo como 45 toneladas em cima dos ombros.
Criaturas como o peixe-ogro, o peixe-pescador e o peixe-lanterna são resultados de um longo esforço de adaptação necessário para que eles pudessem se tornar aptos a triunfar sobre o ambiente. Exemplo disso é o desenvolvimento da bioluminescência, ou a capacidade de um ser vivo de gerar luz visível — uma inovação que pode ser útil tanto para se defender de predadores quanto para se comunicar com outro membro da mesma espécie.
No entanto, a bioluminescência possui ainda diversas outras aplicações em terra firme, sendo objeto de pesquisas científicas com o objetivo de utilizar essa “luz natural” em nosso dia a dia — seja na iluminação pública, na pesquisa de medicamentos ou na detecção de poluentes, entre outros casos. Cabe lembrar que Charles Darwin, responsável pela Teoria da Evolução, foi um dos primeiros cientistas modernos a documentar o processo de geração de luminosidade por criaturas vivas.
Hoje, com a atuação cada vez mais frequente de robôs para a realização de reparos em equipamentos como, por exemplo, válvulas em oleodutos, temos tido menos mergulhadores expostos a condições hostis para realizar esse tipo de atividade. Com isso, tornamos nossas operações ainda mais eficientes e seguras.