Você já ouviu falar em lifehacks? A Internet define assim: soluções criativas com potencial de otimizar o nosso dia a dia, os lifehacks significam “truques de vida”, em tradução livre. Os exemplos são inúmeros. A um clique do mouse, a um toque na tela, podemos aprender novas técnicas que facilitam uma atividade, aumentam a eficiência ou economizam tempo. Pode ser algo simples, como usar uma argola de chaveiro para manter fechado o zíper de uma calça ou uma folha adesiva dobrada para amparar o pó que cai ao se furar uma parede. Mas, independentemente da complexidade, quem é capaz de desenvolver soluções inovadoras enxerga além do seu tempo – ou, como dizem nas redes sociais, essas pessoas já estão vivendo em 2050.
Ter uma visão voltada para o futuro e um espírito de inovação são atributos indispensáveis para uma empresa manter sua competitividade estratégica. Simplificação de atividades e processos, mais eficiência, menores custos: tudo isso se traduz em mais valor para o negócio. E é isso que queremos para nossos projetos de produção no pré-sal, incluindo o campo de Búzios.
A perspectiva para o futuro é promissora. Se hoje o campo de Búzios já responde por mais de 20% da nossa produção, a expectativa é ultrapassarmos a marca de 2 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed) até o final da década, quando todas as 12 plataformas previstas para o campo estiverem instaladas. Para se ter uma ideia da dimensão, seria como se esse único campo garantisse mais de 70% de toda a nossa produção diária atual.
Mas como vamos conseguir alçar a nossa produção diária do campo de Búzios a esse patamar? Cola na gente e saiba o que vem por aí: uma série de avanços tecnológicos que são reflexo da nossa capacidade incansável de inovar, de nos reinventar, de nos aprimorar cada vez mais sobre as particularidades da camada pré-sal:
1 – Aquisição sísmica 4D sistemática para incorporar a passagem do tempo ao modelo digital do reservatório
Por meio da emissão de ondas ultrassônicas que refletem no reservatório e retornam com dados, conseguimos definir altura, comprimento e profundidade, construindo uma imagem do reservatório. E a grande novidade da nova tecnologia, que conta com sensores posicionados no solo marinho e já está em uso no campo do Búzios, é um fator crucial para entendermos melhor como os fluidos - óleo, gás e água - se comportam lá dentro do reservatório: o fator tempo. A partir de levantamentos sísmicos sistemáticos e de estudos para esquadrinhar a configuração do reservatório, conseguimos decidir os próximos passos, como onde perfurar determinado tipo de poço, alavancando a produção e reduzindo custos.
2 – Poços especiais de aquisição de dados para melhor determinar a extensão do reservatório
Além da aquisição sísmica 4D, vamos perfurar os chamados “poços de aquisição de dados” para identificar com maior precisão os limites do reservatório e ampliar ainda mais o conhecimento do campo de Búzios, onde quatro plataformas já estão em operação. Buscamos ainda aumentar o potencial de produção do campo a partir dos dados obtidos com essa tecnologia.
3 – Evolução tecnológica na construção de poços com configuração de completação inteligente para monitorar a produção em tempo real
Foi no campo de Búzios que construímos o primeiro poço com uma metodologia inédita de completação inteligente a poço aberto, que será adotada de forma maciça para otimizar o desenvolvimento dos campos do pré-sal. Amplamente utilizada pela Petrobras há vários anos, a completação inteligente consiste na instalação de um conjunto de equipamentos e sensores no poço, que permitem o melhor gerenciamento do reservatório de maneira remota. A partir dos equipamentos instalados no poço, podemos monitorar, em tempo real, os dados de produção e o desempenho dos poços, além de controlar remotamente a vazão em cada uma das zonas de interesse - otimizando a produção e o gerenciamento do reservatório de maneira integrada em todo o campo.
A novidade é que, desta vez, viabilizamos a instalação de parte dos equipamentos de completação diretamente no poço aberto - eliminando a descida do revestimento cimentado em frente ao reservatório, sem abrir mão da segurança. Isso reduz o tempo estimado de construção em aproximadamente 15 dias, levando a uma economia média de US$ 14 milhões por poço.
E as novidades não param por aí: dentro do escopo do Programa de Eficiência de Poços (PEP70), estamos desenvolvendo iniciativas para aumentar ainda mais as possibilidades de controle remoto; incrementar a confiabilidade desses equipamentos – por meio de atuação elétrica das válvulas de fundo; e, ainda, reduzir os custos de manutenção (OPEX) de poços durante a vida produtiva do campo.
Trata-se da implantação de um processo de evolução na construção de poços, por meio da utilização de uma configuração concebida para receber, em ondas, as tecnologias atualmente disponíveis e também aquelas já mapeadas e que ainda estão por vir - sem a necessidade de alterações significativas no processo construtivo como um todo.
4 – Novos modelos de sistemas submarinos para impulsionar a produção e aumentar o fator de recuperação
Pegamos todo o conhecimento que acumulamos em mais de dez anos de atuação no pré-sal e desenvolvemos um novo modelo de Árvore de Natal Molhada (ANM). Criada a partir das lições aprendidas em toda a nossa jornada por águas ultraprofundas, a ANM 2.0 viabiliza a completação inteligente e o gas lift – método de injeção de gás comprimido para elevar artificialmente os fluidos – até mesmo de óleos com alto teor de contaminantes.
Atuamos com menor quantidade de dutos rígidos: com oito polegadas de diâmetro, possibilitam uma maior produtividade dos poços produtores e aumentam a nossa capacidade de injeção – aqui complementada por outra inovação, um sistema de injeção simultânea de água e gás (WAG loop), que tem demonstrado ótimos resultados no fator de recuperação do reservatório.
E um método de recuperação secundária, com injeção de dióxido de carbono (CO2), torna ainda mais eficiente o deslocamento de água no interior do reservatório, impulsionando a produção. Novos suportes para interface dos risers com as plataformas aumentam a segurança operacional, por reduzirem a necessidade de operações de mergulho para inspeção e manutenção.
5 – Unidades de produção de alta capacidade para fazer frente ao enorme potencial do campo
Vem aí uma nova geração de plataformas do tipo FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e transfere petróleo). Desenvolvidas a partir do conhecimento acumulado no pré-sal, já estarão no campo de Búzios nos próximos anos – inclusive uma unidade que será a maior em atuação no litoral brasileiro. Mas os detalhes sobre esse projeto tão especial ficam para um próximo conteúdo, que vamos divulgar em breve aqui, no Nosso Energia.
Série Búzios
Este capítulo encerra a série de conteúdos sobre Búzios, esse campo que está entrando para a nossa história de exploração e produção em águas profundas. Confira mais curiosidades sobre esse supergigante, clicando aqui.
Saiba por que é o nosso ativo mais valioso em produção: Um gigante em alto-mar: por que o Campo de Búzios é o ativo mais valioso da Petrobras
Descubra o que as tecnologias pioneiras do campo de Búzios têm em comum com a gastronomia: Uma receita premiada: o que as tecnologias pioneiras do campo de Búzios têm em comum com a gastronomia?