Qual o caminho tecnológico necessário até chegar à nova especificação da gasolina vendida no mercado brasileiro?
Você sabe como a ciência tem ajudado a aprimorar a qualidade dos nossos combustíveis? Acompanhe com agente os 5 passos que os cientistas do nosso Centro de Pesquisas (Cenpes) percorreram para desenvolver essa gasolina superior.
Tecnologicamente mais avançada, essa gasolina incorpora novos parâmetros de desempenho: melhor octanagem e maior densidade – o que significa, na prática, um combustível mais eficiente para o consumidor. O efeito disso? A redução de consumo de combustível por quilômetro rodado e o aumento da vida útil dos automóveis, com a preservação dos motores.
Mas, como nossos pesquisadores chegaram a essa especificação?
A jornada tecnológica abrangeu, inicialmente, um amplo trabalho de monitoramento para avaliar o impacto da utilização dos combustíveis pelo mercado. “A especificação da gasolina no Brasil não controlava até então algumas propriedades importantes, possibilitando o uso de naftas leves de baixo custo e de baixa qualidade em sua formulação. Havia relatos, por exemplo, de consumo de combustível elevado e ocorrências de quebra de motores”, disse o engenheiro Guilherme Bastos Machado, coordenador dos testes realizados no Cenpes.
A partir daí desenvolvemos estudos e pesquisas em nossos laboratórios, que envolveram uma série de etapas: desde a análise de propriedades da gasolina e ensaios de desempenho em bancos de provas de motores e veículos, passando por cálculos e avaliações da combustão no motor, até chegarmos no melhor produto – tudo isso em parceria com empresas e
associações do setor automotivo.
Um grande esforço que se antecipou ao estabelecimento dos novos limites de especificação da gasolina - pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) – adotados a partir de agosto deste ano.
Conheça cada passo da jornada:
Passo 1: Monitoramento da qualidade da gasolina do mercado
A Petrobras monitora continuamente os produtos no mercado – e, como pontapé inicial dos trabalhos, nossos profissionais foram a campo verificar a qualidade da gasolina comercializada e as propriedades do combustível. As equipes acompanharam desde os parâmetros de massa específica (densidade) da gasolina, até a sua octanagem. O objetivo? Identificar limites desses parâmetros que garantissem uma qualidade mínima para a gasolina brasileira, considerando não só as novas tecnologias de motores recémchegados no mercado nacional, como também dos motores tradicionais.
Passo 2: Avaliação de desempenho e análise das propriedades da gasolina
Em seguida, nossos cientistas avaliaram em laboratório os efeitos do uso de gasolinas com octanagens e massas específicas distintas – uma produzida em refinaria Petrobras e outra importada - no consumo de combustível e no desempenho de motores e veículos de diferentes tecnologias.
Além disso, analisaram – em profundidade - as propriedades físico-químicas dos combustíveis. A intenção foi comparar o efeito das propriedades do combustível no desempenho dos veículos e subsidiar o desenvolvimento da gasolina com a nova especificação.
Passo 3: Testes em bancos de provas de motores e veículos
Para avaliar, na prática, a performance da nova gasolina, nossos cientistas fizeram os chamados “ensaios em bancos de provas de motores e veículos” – ou, simplesmente, “testes de motores e veículos”, no Centro de Pesquisas (Cenpes).
Esses ensaios são feitos em condições controladas para minimizar a influência de variáveis externas e isolar o efeito do combustível nos parâmetros de desempenho dos motores e veículos. Nos testes, são controladas as temperaturas de “ar de admissão e água de
arrefecimento do motor”, assim como a temperatura do combustível, entre outras variáveis.
No caso dos motores, calculam-se vários parâmetros do processo de combustão com diferentes gasolinas. A análise desses parâmetros permite avaliar de forma mais precisa o impacto das propriedades do combustível no desempenho do motor, além da capacidade de ajuste da calibração do motor para diferentes formulações.
Passo 4: Análise de Resultados
Nessa etapa, as equipes avaliaram os resultados de desempenho dos sucessivos ensaios e testes. Com base nisso e numa ampla análise estatística, puderam quantificar os ganhos da gasolina da Petrobras, estabelecendo limites de densidade e octanagem mínimos para garantir seu desempenho. Nos ensaios, a nova especificação da gasolina apresentou consumo de combustível até 6% menor, trazendo maior autonomia ao veículo.
Passo 5: Padronização da nova gasolina
Os resultados das pesquisas conduzidas por nossos cientistas subsidiaram tecnicamente o estabelecimento de novos limites mínimos para a massa específica e octanagem da gasolina – adotados em agosto deste ano pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) com o objetivo de garantir uma melhor qualidade da gasolina comercializada no Brasil. Um trabalho realizado em conjunto pelos nossos técnicos e profissionais, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), além da ANP, culminando nessa entrega relevante para o consumidor.
“O valor desse trabalho passa não só pela atuação intensa da Petrobras na criação de um ambiente colaborativo com a indústria automotiva, mas também pela capacidade técnica de nossos cientistas, associada à infraestrutura do nosso Centro de Pesquisas, com laboratórios de última geração, especializados em propriedades dos combustíveis, além de ensaios em motores e ensaios em veículos”, disse o engenheiro Guilherme Machado, coordenador dos testes realizados no Cenpes.