Ter um robô que limpe o piso de casa, aspirando ou passando pano, já não é mais apenas obra de ficção. É algo real, oferecido no mercado para o consumidor final, com possibilidade de controle remoto ou operação programada. As tecnologias digitais, como a robótica, chegaram para ficar e estão se tornando cada vez mais presentes no nosso cotidiano. Então nos perguntamos: que benefícios poderíamos obter se incorporássemos essa e outras soluções a nossas atividades e processos na indústria de óleo e gás?
O uso de máquinas para a realização de tarefas mecânicas não é novidade: vem lá de trás, desde a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII. O desenvolvimento tecnológico dessa época transformou a relação do homem com o trabalho manual, contribuindo para reduzir o tempo de cada tarefa e aumentar a produtividade nas fábricas. E, desde então, esse ramo da ciência que usa circuitos elétricos integrados para controlar partes mecânicas motorizadas só cresceu, incorporando soluções digitais até evoluir para a robótica atual, com toda a gama de oportunidades que ela nos oferece.
Os robôs, que hoje em dia podem executar a tarefa de forma autônoma ou pré-programada, também têm outra vantagem além da maior velocidade: eles conseguem chegar a locais com acesso restrito, reduzindo a exposição ao risco para a atuação humana, como seria o caso da atividade de inspeção de um tanque ou do próprio casco de uma plataforma localizada em alto-mar, operando a até 300 quilômetros de distância da terra firme.
Precisamos estar “presentes” nesses locais para inspecionar e fazer as manutenções necessárias, mantendo a integridade das unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência (FPSOs). E os robôs surgem como solução para otimizar e aumentar a eficiência das atividades de gestão da integridade, reduzindo o impacto à continuidade das operações. Entre as atividades para as quais a robótica poderia contribuir, por meio de robôs ou drones, estão a limpeza dos resíduos sólidos que se acumulam nos tanques e a medição da espessura das chapas metálicas que compõem essa estrutura de armazenagem de óleo. Também há a possibilidade de utilizar robôs submarinos para inspeção e limpeza de cascos das unidades offshore que demandam esse tipo de atividades.
Imersão em um mundo virtual
Viajar sem colocar os pés fora de casa. Lutar contra vilões e defender reinos diretamente da sala de estar. Tudo isso é possível graças às tecnologias imersivas, como a realidade virtual, que transportam o usuário para dentro de um cenário gráfico em terceira dimensão (3D) e em 360 graus, como se ele estivesse realmente lá.
Toda essa tecnologia hoje disponível é que nos motiva na busca de uma solução baseada em wearables para monitorar dados fisiológicos e biomecânicos dos nossos empregados e assim aplicar metodologias de fatores humanos na segurança das operações. Com o diagnóstico desses dados à mão, conseguiremos melhorar o planejamento das atividades e, consequentemente, aumentar a produtividade.
Quem começou a fazer uma receita e, no meio do preparo, se deu conta de que estava faltando um ingrediente iria aprovar o uso de inteligência artificial para o gerenciamento das compras de mercado. O mesmo sentimento também é comum a quem passou pela situação inversa, empolgando-se com uma promoção e comprando mais produtos do que os armários de casa comportam. Tanto o excesso de estoque quanto a falta de material são prejudiciais: ou o alimento pode estragar antes de ser utilizado ou a preparação tem que ser interrompida.
Um sistema baseado em inteligência artificial, que usa o aprendizado de máquina (machine learning) para analisar os dados históricos de consumo e estimar a previsão de demanda futura, é a solução que buscamos para otimizar a gestão do nosso estoque de materiais. Um sistema que identifique padrões de modo automático e faça previsões a partir de dados será a ferramenta ideal para anteciparmos a necessidade de aquisição ou contratação dos materiais que serão utilizados na construção dos poços em nossos campos, contribuindo também para reduzirmos os custos de armazenagem desses materiais.
Empresas de jogos já exploram esse mundo virtual. Tecnologias do tipo já estão presentes na indústria de óleo e gás e também aqui na companhia, mas queremos ir além. Para facilitar o acesso aos milhares de fotos e vídeos 360 graus que representam virtualmente nossas plataformas, estamos em busca de um sistema que gerencie esse grande acervo e possibilite ainda a navegação interativa, como a ferramenta Street View, do Google. Assim conseguiremos “caminhar” pelas instalações das plataformas e melhorar o planejamento das intervenções necessárias. E o auge dessa imersão? Seria ter a transmissão (streaming) das instalações em tempo real.
E quando o desafio é constatar a presença de uma ameaça invisível, como um gás? A existência de hidrogênio em unidades de produção, refino e em dutos de transporte é um risco para as operações: ao interagir com o enxofre, ele gera o sulfeto de hidrogênio (H2S), um composto gasoso que é nocivo para a saúde humana e altamente corrosivo, podendo afetar equipamentos. Um sistema de sensoriamento para monitoramento da integridade é essencial para mantermos a continuidade operacional com segurança.
O posicionamento de sondas de alta sensibilidade nos equipamentos e instalações é a solução tecnológica que possibilitará a detecção quase imediata da presença do gás hidrogênio. Sua concepção tem base no conceito de “Internet das Coisas” (Internet of Things, IoT, no original em inglês), que consiste em usar dispositivos físicos para coletar dados. Ao posicionar os sensores estrategicamente, podemos monitorar fatores como temperatura, pressão e, no caso do projeto Conexões para Inovação, hidrogênio. A tecnologia tem aplicação crescente no varejo: um sensor instalado em uma loja de roupas pode detectar, pelos dados do celular, a proximidade de um potencial cliente e enviar uma mensagem para divulgar a promoção do dia, por exemplo.
Outra forma de coletar dados são os wearables — dispositivos com tecnologias digitais incorporadas que podem ser utilizados como roupas ou acessórios. A versão mais conhecida são os relógios inteligentes (smartwatches), que viraram queridinhos de quem curte praticar esportes como a corrida. Quando possuem sensor de frequência cardíaca e GPS integrados, os smartwatches monitoram os batimentos e a distância percorrida e ainda calculam a velocidade do esportista, enviando esses dados para o celular.
O objetivo desse projeto, desenvolvido em parceria com o Sebrae, é estimular o ecossistema de inovação das startups, pequenas empresas inovadoras e instituições de ciência e tecnologia, promovendo o desenvolvimento de soluções tecnológicas para os negócios de petróleo, gás natural e energia. O edital prevê o financiamento de até dez projetos, em seis diferentes áreas, com valores que vão de R$ 500 mil a R$ 1,5 milhão, totalizando R$ 10 milhões nessa etapa. Saiba mais sobre o projeto em nosso site.