Inovação

Da Criatividade à Inovação: de onde vêm as boas ideias?

Confira 7 dicas de nossos especialistas para despertar a sua criatividade

Quem poderia imaginar que um artigo publicado em uma revista explicando como fazer café descafeinado seria a inspiração para o desenvolvimento de uma solução inédita na indústria de óleo e gás? Pois foi assim que o engenheiro Fabio Menezes Passarelli teve o insight para criar o HiSep® – acrônimo para High Pressure Separation (separação em alta pressão). 

Essa tecnologia irá remover, ainda no fundo do mar, o excesso de gás rico em CO2 presente em alguns campos do pré-sal e, assim, vai tornar possível o que antes era inviável tecnicamente. Com potencial para ampliar a produção e a eficiência dos campos, além de reduzir custos, a solução já foi patenteada pela Petrobras. 

“No processo de extração da cafeína do café, o CO2, quando pressurizado, se comporta de um jeito diferente de quando é gás. Quando li esse artigo, imaginei que, se era possível fazer isso nesse processo, eu poderia perfeitamente fazer o mesmo com o petróleo”, conta Passarelli, que se julga muito curioso.  

“E não só sobre petróleo. Gosto de ler, aprender e entender o que está por trás de tudo. Quando a mente está aberta, conseguimos extrair soluções de coisas que aparentemente não têm qualquer ligação”, aponta ele.  

E é a essa mente aberta para o novo que Passarelli credita a sua criatividade, que tem até data para ser comemorada: 21 de abril, Dia Mundial da Criatividade e Inovação. “As pessoas me acham muito criativo tecnicamente, mas na verdade me considero uma pessoa que acha que tudo vale a pena. Tem gente que tem a mente fechada, tem medo do que é novo; eu não tenho preconceitos”, afirma nosso consultor que trabalha no projeto de Libra, acrescentando que o medo e a vergonha bloqueiam a criatividade. 

“É preciso se expor, ser corajoso para quebrar padrões. Quem consegue implementar sua ideia, é ético e não tem medo de ir contra a maioria, nem se cala em uma zona de conforto”, complementa.  

E é possível treinar a criatividade? Passarelli acha que sim, e diz que foi a dança de salão que o fez ter essa percepção. “Claro que depende da história de vida de cada um, mas no geral acho que podemos exercitar nosso lado imaginativo sim. Descobri que qualquer pessoa pode dançar porque existe uma técnica. Então, mesmo não sendo um Fred Astaire, de tanto ser persistente, passamos a executar o movimento da maneira correta. Do mesmo jeito, qualquer um pode exercitar sua criatividade”, afirma ele.  

O engenheiro Fabio Passarelli: aulas de dança de salão como inspiração.

 

Filmes e séries como inspiração para pesquisa 

Se para Fabio a dança e a leitura de artigos são inspiração, a química de petróleo Cidelmara Helena Coelho aponta filmes e séries como grandes aliados da criatividade. “Eles me fazem olhar meu trabalho por outra perspectiva. Apesar de serem coisas diferentes, gosto quando assisto filmes ou séries que tenham busca para resolução de problemas”, conta a pesquisadora.   

Desde 2013 no nosso Centro de Pesquisas e Desenvolvimento (Cenpes), Cidelmara divide seu tempo entre o laboratório e a elaboração de relatórios e assistências técnicas.  

“Apesar de termos que seguir procedimentos rigorosos, na maioria das vezes o experimento não sai do jeito planejado e temos que buscar outras formas de encontrar a resposta que estamos procurando. Por isso, acho que o trabalho de pesquisa já implica ter uma certa dose de criatividade”, afirma ela.  

A química de petróleo estuda o impacto da nossa atividade em alguns organismos (através da bile do peixe, por exemplo) e a aplicação de dispersante químico em caso de derramamento do óleo.  

“Estamos trabalhando para desenvolver métodos novos que tornem a execução das análises mais fáceis ou usando um volume menor de amostra. Ouvir música clássica me ajuda a manter o foco e manter minha mente mais atenta e criativa”, diz Cidelmara, para quem a criatividade também pode ser exercitada. 

A pesquisadora Cidelmara Coelho: música clássica ajuda a manter o foco e a mente mais atenta e criativa.

 

“Algumas pessoas já nascem com essa característica e, para elas, pode ser mais fácil dar asas à imaginação. Mas, com treino, é possível enxergar outras possibilidades para se fazer o que quer que seja”, conclui ela.   

 

E como se tornar mais criativo?  

“Há um mito de que as pessoas já nascem criativas ou não e que isso não é possível mudar. Mas, na verdade, é algo que pode ser treinado e precisa ser estimulado”, afirma o analista de sistemas Glauco Pabst, que, em parceria com a advogada Maria Fernanda Caravina e mais três colaboradores, elaborou o treinamento Criatividade e Inovação, que faz parte do Programa de Desenvolvimento de Soft Skills Petrobras.  

E Maria Fernanda já dá a primeira dica. “As ideias podem ser melhoradas. É muito difícil alguém criar algo totalmente novo, do zero. É legal usar referências e ir combinando o que já foi visto para criar uma solução diferente”, afirma, acrescentando que “colocar a mão na massa” é fundamental.  

“Comece a criar e compartilhar com outras pessoas para receber outras visões e testar a sua ideia. Não é para ficar só na sua cabeça. Tem que começar a colocar para o mundo”, diz ela.  

Os dois especialistas lembram que cada um tem seu processo criativo. Ouvir música, ler livros fora da sua área de atuação, ver filmes, ter um hobby e fazer esportes são alguns exemplos. “Minhas ideias sempre vêm quando estou fazendo uma caminhada. É quando estou com a mente mais leve”, destaca Maria Fernanda.  

A advogada Maria Fernanda Caravina durante a entrega do Prêmio Jurídico de Inovação.

 

Já Glauco cita dois momentos: brincar com seus filhos e uma nova atividade, a palhaçaria. “Com a entrada do tema criatividade na minha vida, acabei fazendo esse curso que me transformou. Percebi que essa é a arte do improviso e que aproveita os próprios erros e transforma em riso”, conta ele. 

O analista de sistemas Glauco Pabst na conferência internacional Creativive Problem Solving Conference (CPSI), em Buffalo, EUA

 

Outra dica é conversar com pessoas que tenham atividades bem diferentes da sua. “Falando com pessoas que não são do Jurídico, vi outras formas de se trabalhar, de chegar em um resultado. Isso ensina a ver situações com outro olhar”, aponta Maria Fernanda, que ganhou o Prêmio Jurídico de Inovação no ano passado.  

E o próximo passo, depois de soltar a criatividade, é a inovação. “Aproveite esse aumento do seu processo criativo e comece a inovar. Uma ideia é meramente uma ideia. Inovar é pegar essa ideia e transformá-la em algo produtivo”, finaliza Glauco.  

7 dicas para ajudar na criatividade
#Tecnologia #Inovação
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