Amanda é formada em Administração e trabalha na área de Poços, com processos de contratação. Convidamos você a conhecer a história de mais uma petroleira, que não esconde quem é e tem orgulho da pessoa que sempre foi.
 
“Uma vez, eu ouvi uma frase que eu acho muito interessante: ‘Eu sei que é muito difícil a gente enfrentar e lutar contra todo preconceito e medo que nos permeiam, mas difícil mesmo é a gente nascer diferente, se esconder e tentar ser igual a todos os outros’. Uma das minhas primeiras lembranças de infância sou eu no banheiro, colocando roupas da minha mãe e pensando que eu queria ser mulher. Eu fui na contramão dos privilégios. Porque o mundo é uma sociedade patriarcal e se eu pudesse optar em ser uma pessoa do sexo masculino, hétero e branca, obviamente que optaria, mas não é o que eu sou. Então é muito difícil, né? É uma dor diferente.  

Eu decidi e criei coragem de fazer a transição de gênero logo no início da pandemia. Eu sempre fui uma criança ‘viada’. Tenho uma criação católica e a igreja também é um ambiente muito hostil. Minha mãe era coordenadora na igreja e eu cantava com meu irmão. Então essa vivência me trouxe muito receio e achava que nunca conseguiria me abrir para o mundo, a partir do momento que eu me entendi. E isso aconteceu muito recentemente.  

A internet hoje nos ajuda muito em toda luta, em adquirir conhecimento e nos entendermos, de conseguir unir pessoas em prol de uma luta. E acho que também por isso hoje a gente tem essa possibilidade de construir esses ambientes mais acolhedores.

O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. E a expectativa de vida é muito baixa. Estamos tentando mudar isso. Mas é claro que o medo existe e eu sempre me pergunto: ‘Será que eu estou fazendo a coisa certa’? Então, olho para minha vida passada, tudo o que eu vivi até aqui e tenho certeza da minha escolha. E hoje eu sou muito feliz com isso.

Tenho um amigo que diz que eu sou um ponto fora da curva, porque sou muito bem recebida em todos os lugares. Eu não sei se as pessoas, de fato, não têm preconceito comigo ou se eu não dou nem a oportunidade delas o terem. Eu não deixo. Hoje quando as pessoas me veem, me reconhecem e ficam sem graça, com receio, de saber como tratar, saber se falam ou não falam... Eu vou lá e falo (em tom de brincadeira): ‘Ei, não está me vendo aqui não? Não vai falar comigo, é?’ E as pessoas acabam se abrindo e percebem que nada mudou na minha forma de tratá-los. Eu sou aquela mesma pessoa e o que mudou foi só a minha aparência física, que está mais adequada ao que eu sou de verdade.

Tem assuntos que a gente precisa falar e esse é um deles. Sempre que eu tenho oportunidade, eu falo. A empresa antigamente era outra, o Brasil era outro, né? A gente está num momento muito bom. Mais esperançoso, e estamos falando mais abertamente de vários temas que antes não debatíamos e não tínhamos conhecimento. A gente não sabe tudo e não é por isso que a deixaremos de falar. Se eu errar, podem me corrigir que eu não vou levar para o coração. Pensarei sobre o assunto e tentarei melhorar. Evoluir sempre”.  

A Petrobras é um espaço em que nós valorizamos a liberdade para que qualquer pessoa possa ter sua individualidade reconhecida, respeitada e abraçada. Estamos trabalhando para que Amanda e todas as outras pessoas possam se sentir bem e seguras todos os dias.  

Como ações mais recentes, temos a possibilidade da inclusão do nome social do empregado ou empregada transgênero no cadastro interno, além de atualização de nome e sexo, caso já tenha efetuado as mudanças no registro civil. Desde 2018, o uso das instalações (banheiros, vestiários e camarotes) pode ser feito conforme identidade de gênero para empregados e empregadas trans. Atualmente estamos divulgando uma cartilha inédita sobre diversidade sexual, com dados e histórico de conquistas legais relacionados ao tema. Acesse aqui!