Quando o doutor Emmett Brown aterrissa em 1985 com seu DeLorean para levar Marty McFly “de volta para o futuro” nas cenas finais do primeiro filme da famosa trilogia, ele não se preocupa como vai abastecer o carro. Você se lembra por quê? É que a energia gerada para o funcionamento do veículo é à base de lixo – de preferência orgânico, como casca de banana. Incrível, né?
Ter um carro movido a lixo assim em nossa garagem ainda não é realidade. Só que combustíveis feitos a partir de fontes mais sustentáveis de energia já não é mais coisa de filmes de ficção científica. Está acontecendo hoje, com pesquisa e desenvolvimento de combustíveis cada vez mais adequados às novas tecnologias de motores e na busca por fontes renováveis que reduzam o impacto de emissões na atmosfera.
Já temos tecnologia para produzir hoje, por exemplo, um produto quimicamente idêntico ao diesel de petróleo só que a partir de fontes renováveis ou residuais, o diesel renovável. Ele é feito com a utilização de óleo vegetal, gorduras animais ou matérias primas residuais, como óleo de cozinha usado, por meio de um método mais moderno do que o usado para produzir o biodiesel de base éster, biocombustível hoje que compõe 12% do diesel encontrado nos postos no Brasil. Outra vantagem é que o diesel renovável é isento de contaminantes e não envolve metanol em seu processamento. Estudos apontam que, tendo o mesmo óleo vegetal de origem, esse tipo de biocombustível traz reduções em relação ao biodiesel de base éster de cerca de 15% das emissões de gases de efeito estufa e, em relação ao óleo diesel mineral, 70%.
Com ampla utilização em diversos países da Europa e nos Estados Unidos, é o combustível renovável que mais cresce no mundo. E além de tudo isso, por conta de sua maior estabilidade térmica e à oxidação, possui maior qualidade no armazenamento e na utilização em motores a diesel. Por isso, não causa danos aos motores, aumentando, na prática, a vida útil dos veículos e reduzindo o custo dos transportes.
Outra boa notícia é que assim que sua produção for autorizada em escala industrial, estamos preparando nossas refinarias. Conseguimos continuar produzindo o diesel a partir do petróleo e acrescentar a ele uma parcela de diesel renovável com a mesma infraestrutura existente hoje no nosso parque de refino, sem a necessidade de unidades industriais específicas para essa finalidade. Demos à essa mistura o nome de Diesel Rx (diesel + parcela renovável), cujo percentual de diesel renovável na mistura pode ser 5 % (Diesel R5), 12 % (Diesel R12) ou mesmo superior.
E, para os consumidores, um fator importante é a possibilidade de aumentar a competição de mercado, hoje ocupado exclusivamente pelo biodiesel de base éster. Isso provavelmente vai se refletir na composição final do preço do diesel nos postos de combustíveis.