Lama, emaranhado de raízes e mau cheiro. É apenas isso que você visualiza (e até sente...) quando pensa em um manguezal? Mas qualquer que seja a sua resposta, já pensou sobre a importância desse ecossistema para a sustentabilidade do planeta?
Um dos debates mais presentes nos dias de hoje é o da mudança do clima. Não é mesmo? Você sabia que uma floresta de mangue é capaz de sequestrar (reter) de quatro a cinco vezes mais carbono do que uma floresta de continente, contribuindo no combate ao aquecimento global?
Presentes no litoral brasileiro do Amapá a Santa Catarina, os manguezais são berçários naturais para diversas espécies de peixes, crustáceos, mariscos, aves e até mamíferos. Lembra daquele emaranhado de raízes? Pois é. Lá, muitas espécies de peixes, como os meros quando ainda filhotes, se protegem até o momento de nadar para alto mar.
Os manguezais também fertilizam os oceanos. A decomposição anaeróbica (por bactérias, que não utilizam oxigênio) da matéria orgânica, não só produz aquele cheiro característico, mas também nutrientes para a cadeia alimentar dos organismos marítimos e terrestres. Também atenuam o processo de erosão costeiro, protegendo o litoral.
Além da importância ambiental, são fonte de renda para milhares de famílias na zona costeira brasileira, que dependem dele também para sua segurança alimentar. Um dos exemplos é a extração do caranguejo uçá (Ucides cordatus), feita de forma artesanal em praticamente toda a costa brasileira.
Colocar o pé na lama para pegar o caranguejo, como os pescadores que participam do Projeto Uçá, é uma sabedoria desenvolvida nas comunidades tradicionais. O projeto patrocinado por meio do Programa Petrobras Socioambiental, coordenada pela organização sem fins lucrativos, Guardiões do Mar, atua em parceria com essas comunidades na conservação ambiental em seis municípios da região da bacia da Baía de Guanabara: Maricá, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Guapimirim e Rio de Janeiro.
Suas ações incluem o reflorestamento de manguezais degradados, educação ambiental, monitoramento do ciclo de vida do caranguejo uçá, e geração de renda durante os meses do defeso (quando pescas e capturas são proibidas para preservação das espécies), por meio da retirada de resíduos sólidos do manguezal. Ou seja, o manguezal contribui com o tripé da sustentabilidade: social, ambiental e econômico.
Outro projeto apoiado pela Petrobras que atua na conservação de manguezais é o Mangues da Amazônia, no Pará, na maior área de manguezal do país. Até 2023, o Mangues vai conservar 30 hectares de mangues e recuperar outros 12 hectares com o plantio de 60 mil mudas. O trabalho inclui assistência técnica e participação das comunidades dos municípios de Bragança Augusto Corrêa e Tracuateua. Mais de 7,6 mil pessoas serão beneficiadas direta e indiretamente.
Um grande viveiro foi construído para semear as mudas dos mangues branco, preto e vermelho, das três espécies presentes na região. Assim como o Uçá, no Mangues da Amazônia não faltam atividades de educação, cultura e pesquisas científicas em diferentes campos, com destaque aos estudos para ajudar a entender o papel dos manguezais no combate ao aquecimento global.
O Brasil tem a maior faixa contínua de manguezais do mundo e proteger esse ecossistema é preservar a vida.