Coronavírus

Como o combate ao coronavírus mudará os rumos da inovação e da tecnologia

Nosso pesquisador e líder da frente científica de combate ao coronavírus, Antônio Vicente Castro, faz suas apostas para o mundo pós-pandemia.

Já pensou em quantas interações fazemos quando entramos em um prédio comercial? Abrir a porta, entregar uma identificação ao recepcionista, receber um crachá e apertar botões do elevador são apenas algumas ações corriqueiras que eram normais há alguns meses e que podem mudar completamente em um futuro não muito distante. É o que aposta o pesquisador do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) e líder da nossa Frente Científica de combate ao coronavírus, Antônio Vicente Castro. Ele participou nesta semana de um bate-papo com o Canal Maker, projeto ligado à Fab Lab de Recife patrocinado pela Petrobras e voltado para conectar criadores e makers de todo o país interessados em temas ligados à ciência, tecnologia e economia criativa.

“Vamos entrar em uma era de pouco toque, com ações, por exemplo, como fazer o check in pelo celular com assinatura eletrônica, ter sensores de aproximação em elevadores ou até mesmo pedir o café na máquina através de comandos no celular. E precisamos ser rápidos.” Segundo Antônio Vicente. a necessidade criada pelo momento pode nos levar a novos hábitos.

É aí que entra a importância da inovação. “Ela é fruto de uma necessidade do ser humano e não precisa ser algo completamente novo. Fazer adaptações de soluções já existentes para situações inéditas também é inovar”, afirma, acrescentando que a pandemia é um excelente exemplo, já que o mundo não estava preparado para a Covid-19. “Seria impensável criar uma tecnologia do zero em um ou dois meses. O que estamos fazendo é criar novos propósitos para soluções que já existem para termos um impacto imediato”. 

Ventilador mecânico

Para reunir ideias inovadoras de base científica ou tecnológica criamos a nossa Frente Científica, que apresenta iniciativas e soluções criativas desenvolvidas pelos nossos cientistas para ajudar a sociedade no enfrentamento à pandemia. O ventilador mecânico de baixo custo é um exemplo.

“O interessante nesse projeto não é ter somente algo barato. É ter também uma cadeia de suprimentos acessível porque existem peças usadas nesses ventiladores que nos projetos existentes usam mais ou menos os mesmos fornecedores. E hoje a cadeia de suprimentos mais concorrida do mundo talvez seja a de peças de ventilador mecânico. Então projetos com a nossa realidade e uma cadeia de suprimentos brasileira são extremamente relevantes”, explica Antônio Vicente.

Câmeras térmicas

Um dos desafios que teremos pela frente será medir a temperatura de uma quantidade grande de pessoas ao mesmo tempo. Para isso, estamos desenvolvendo um projeto que muda o propósito de câmeras térmicas, hoje utilizadas para escanear equipamentos industriais e verificar se há algum ponto quente que pode identificar fragilidade de estrutura. “Pegamos essas câmeras que usamos na área industrial e adaptamos seu uso para passar a fazer medição de temperatura e triagem das pessoas que entram em nossas instalações”, explica Antônio Vicente, acrescentando que ainda existem outros planos para a tecnologia. “Temos a ambição de fazer reconhecimento facial, comunicação por celular e usar inteligência artificial para buscar os dados de anamnese da pessoa, seu histórico médico e, assim, fazer uma triagem prévia para atuarmos com mais critério e seleção”. Ele lembra que a febre pode ser sintoma de outras doenças, não necessariamente Covid. “E alguém com coronavírus pode ter tomado um antitérmico. Então precisamos fazer algum tipo de ação complementar à triagem térmica para termos a garantia ou um melhor resultado da triagem”, complementa.

Testes em massa

De acordo com Antônio Vicente, conseguiremos aumentar o ritmo de testes para identificar o coronavírus e reduzir seu custo. Tudo por conta das tecnologias e seu uso em larga escala. “Estamos com uma iniciativa junto com o Senai para diminuir o número de reagentes e reduzir o número de testes por grupo de pessoas através de uma técnica de realização de testagem em massa”, conta. Segundo ele, um ponto importante não é a quantidade em si, mas a capacidade de analisarmos os testes efetuados. “Quando reduzimos o tempo ou trabalho executado, seja por uma tecnologia ou uma técnica nova, aumentamos a possibilidade de ter mais testes disponíveis no país. E quando você opta por caminhos mais simples, acaba tendo um custo menor também”, complementa.

Ficção científica

Será que é possível criar um roteiro de como estaremos em 2054? “Teremos uma interação menor de compartilhamento de objetos pessoais, com certeza as relações pessoais e de trabalho serão muito diferentes e acho que poderemos até usar o nosso pensamento para nos comunicarmos com máquinas”, aposta Antônio Vicente. No entanto, ele acredita que basta voltar ao passado para que tenhamos dúvidas com relação ao futuro. “Se olharmos nossos e-mails de um dia de trabalho em novembro de 2019 perceberemos como as situações e a economia mudaram. Estamos vivendo um momento de perda de sentido das coisas muito rapidamente e qualquer projeção para 2054 é leviana e vai ser errada. Nem ouso ter uma opinião sobre isso”.

Mas algo que não mudará é o propósito. 

“Se eu conseguir fazer algo que salve uma vida para mim é extremamente recompensador. Quando sairmos dessa, mudaremos um pouco as relações de trabalho e seremos muito mais eficientes em menos tempo. Mas continuaremos sendo movidos por propósito. E é ele que vai motivar todo o mundo a sair da situação da pandemia com inovação e tecnologia”, conclui.

Assista à entrevista completa.

Antonio Castro: Futuro e Inovação em tempos de pandemia

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