Taí uma série que não podemos maratonar... Cada temporada de reprodução das tartarugas acontece anualmente - ou ainda de dois em dois anos - no litoral brasileiro, sempre durante os meses mais quentes do ano. A estimativa para esta temporada é de que, até o fim de julho, mais de dois milhões de tartaruguinhas nascidas nas praias brasileiras, em mais de 25 mil desovas, ganhem os oceanos.
Durante este período, pesquisadores trabalham no monitoramento da desova de cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no país, todas ameaçadas de extinção: tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga-verde (Chelonia mydas), tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea) e tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Todos os ninhos são registrados e monitorados pelos pesquisadores da Fundação Projeto Tamar, que conta com o nosso patrocínio há 39 anos para realizar as ações de conservação e pesquisa das tartarugas marinhas.
A história de apoio a Tamar, projeto mais antigo da carteira do Programa Petrobras Socioambiental, mostrou que o investimento voluntário de longo prazo tem um impacto positivo para a recuperação de espécies marinhas. Em 2020, a Petrobras reafirma seus compromissos com o meio ambiente, que inclui a manutenção de investimentos socioambientais bem como reforço de ações de respeito a direitos humanos e relacionamento comunitários. Para a Fundação Projeto Tamar, a participação da comunidade na preservação das tartarugas é um fator chave de sucesso.
Durante a temporada anual, que ocorre de setembro a março nas praias do continente e de dezembro a julho nas ilhas oceânicas, as praias de desova são monitoradas todas as noites por pescadores e outros moradores das comunidades litorâneas, contratados pelo Tamar e chamados “tartarugueiros”, além de estagiários e executores das bases. É realizado patrulhamento noturno para flagrar fêmeas em ato de postura de ovos, observar o comportamento do animal durante a desova, registrar dados e coletar material biológico para posterior análise. Os pesquisadores ainda monitoram os ninhos e transferem para locais mais seguros, caso necessário. São feitas marcação e biometria das fêmeas, contagem de ninhos e ovos.
“Engenheiras” do ecossistema
As tartarugas marinhas apresentam um ciclo de vida complexo, com mudança de hábitos e a utilização de diferentes ambientes. Embora sejam marinhas, utilizam o ambiente terrestre da praia para desova, garantindo o local adequado à incubação dos ovos e o nascimento dos filhotes.
Ao nascerem, as tartaruguinhas rumam imediatamente para o alto-mar, onde atingem zonas ricas em algas e matéria orgânica. Nestas áreas, que formam um verdadeiro ecossistema, os filhotes encontram alimento e proteção, onde permanecem por vários anos, migrando passivamente pelo oceano e retornando às áreas costeiras apenas na época da reprodução.
Como animais migratórios, as tartarugas se deslocam pelos oceanos, especialmente entre as zonas tropicais e subtropicais, transferindo energia entre ambientes marinhos e terrestres. São consideradas verdadeiras engenheiras do ecossistema, devido à sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de grama marinha e areia do fundo oceânico.
Conscientização ambiental e inserção social
Desde a sua criação, a Fundação Projeto Tamar investe recursos humanos e materiais para adquirir conhecimento sobre a biologia das tartarugas marinhas no Brasil, protegendo cerca de 1.100 quilômetros de praias em 23 localidades, nos estados da Bahia, Sergipe, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina. Esse trabalho está conectado por meio da Rede Biomar, da qual participam os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil, todos patrocinados pela Petrobras. Afinal, para as espécies, o mar não tem fronteiras e os animais coabitam no ambiente costeiro e marinho.
O programa de conservação ambiental do Tamar, assim como os demais projetos da Rede Biomar, atua interagindo com as comunidades envolvidas e outros atores sociais por meio de campanhas educativas de informação, sensibilização e conscientização ambiental. As populações locais são essenciais no processo, na medida em que podem influir diretamente nas condições do habitat dos animais, reduzindo a pressão sobre os ecossistemas e as espécies.
Além do estímulo ao conhecimento, o Projeto busca dar alternativas de subsistência não predatórias para os pescadores e suas famílias, beneficiando-os com várias ações de inserção social. Apoia creches e escolas; oferece possibilidade de trabalho e profissionalização para mulheres e jovens nas confecções, oficinas produtivas e outras iniciativas, por meio de parcerias com cooperativas.
Para saber mais, acesse www.tamar.org.br e acompanhe o projeto nas redes sociais.