Animais antigos, que já existem em sua forma atual há mais de dois milhões de anos. Animais imensos, que podem medir até 17 metros e pesar aproximadamente 60 toneladas. Animais dotados de comunicação, sendo possivelmente capazes de reconhecer locais e outros indivíduos através do uso de frequências sonoras. Essas – e não a extrema sinceridade quando você pede alguma opinião – são algumas das características que tornam tão especial a baleia-franca.
Mas que baleia é essa?
Os mamíferos do gênero Eubalaena – representados no hemisfério sul pela espécie Eubalaena australis – tem uma longa história, envolvendo registros que, desde o século I, já destacavam suas dimensões e localização. Com um corpo negro, arredondado e uma cabeça que ocupa quase um quarto do seu comprimento total, ela também se destaca pela grande curvatura da boca, que abriga 250 pares de cerdas de barbatana, perfeitas para seu estilo de alimentação, que consiste em nadar lentamente com a boca aberta, deixando que a água flua por suas cerdas, onde o alimento é capturado.
Mas a principal característica visual que define a baleia-franca é mesmo o conjunto de “calos” que ela apresenta no alto e nas laterais da cabeça, estruturas que nascem com o animal, formadas naturalmente em sua pele, e que se tornam mais rígidas conforme vai crescendo. Essas calosidades acabam não apenas servindo como lar para colônias de crustáceos que passam a residir na baleia, mas também como forma de identificação para pesquisadores, já que seu tamanho relativo e forma se alteram nada ou muito pouco durante a vida do animal.
E por que francas?
Por mais que seja divertido pensar na baleia-franca como o mamífero mais “sincero” dos sete mares, sem trocadilhos, a verdade é que o apelido “franca” tem uma origem bem mais trágica. Isso porque ele vem do termo em inglês usado para esses animais, “right whale”, ou “baleia certa”, que é uma referência ao quão “certa” e garantida era a sua caça, por serem animais lentos e frequentes na área costeira.
Durante o século XIX a caça da baleia-franca se tornou tão predatória que sua população foi reduzida em 90% e a espécie chegou a ser considerada extinta no Brasil durante os anos 70, após séculos como uma assídua frequentadora do nosso litoral, desde o sul até a Bahia. E essa redução de população cobra seu preço, claro.
Isso porque as baleias não apenas têm um papel importantíssimo no equilíbrio biológico dos oceanos, seja por fertilizarem o ambiente com suas fezes, seja por controlarem populações de criaturas menores com sua alimentação, como também, por acumularem grandes quantidades de carbono, ajudam a controlar o aquecimento global.
E é aí que nós entramos
Com patrocínio da Petrobras desde dezembro de 2019, o Projeto Franca Austral (ProFranca), dá continuidade a um trabalho iniciado em 1982 com objetivo de conservar a baleia-franca-austral tanto por meio da continuidade de pesquisas realizadas a longo prazo, como pela execução de metodologias inovadoras aplicadas para descobertas de novas informações biológicas sobre a espécie. Para isso, durante a temporada reprodutiva da espécie, de julho a novembro, o ProFranca realiza o monitoramento das baleias tanto por terra, quanto por água e ar.
A sensibilização e responsabilidade ambiental também estão presentes por meio de ações de mobilização social, educação ambiental, capacitações e atividades escolares, contribuindo para a formação de cidadãos ativos na valorização do meio ambiente e na construção de uma sociedade mais equilibrada e sustentável. Ações essas que a parceria com a Petrobras, através do Programa Petrobras Socioambiental, ajuda a viabilizar.
Exemplo desse trabalho são as exposições e eventos, que neste período foram adaptados em razão da pandemia da COVID-19. Não faltaram protocolos de segurança e criatividade para seguir com as ações educativas. Foram realizadas atividades, feitas ao ar livre e sem aglomerações, tais como a “Exposição ao (M)Ar Livre”, em frente à sede do Projeto, em Imbituba (SC), e as exposições itinerantes para as comunidades de pescadores “Da Pesca à Conservação”. O “Dia de Baleiólogo”, mereceu uma série de lives via YouTube, onde foi mostrada a rotina de um pesquisador de baleias-franca. E também teve Conversa Franca ao vivo na qual pesquisadores e convidados contaram curiosidades sobre baleias e suas pesquisas. E nas férias escolares não faltou programação para a criançada: 14 episódios online do programa “De Férias com as Baleias” levou muita diversão e um mar de conteúdos para o público infantil.
E mais um momento muito importante deste trabalho está chegando agora, com o Encontro do Comitê Científico da Comissão Internacional das Baleais, que reúne cientistas de 80 países para apresentação de pesquisas e estudos recentes sobre baleias e golfinhos. O evento, que ocorre todos os anos, contará com a presença do Projeto Franca Austral, que irá apresentar os avanços das pesquisas realizadas sobre as baleias-franca em Santa Catarina, mostrando assim a importância global do trabalho feito no litoral brasileiro.
Nesse encontro de governos, especialistas e organizações da sociedade civil, o ProFranca vai apresentar o status do Catálogo Brasileiro de Fotoidentificação das Baleias-Franca que conta agora com 1024 baleias catalogadas - o monitoramento aéreo realizado em 2020 acrescentou 13 novas baleias no catálogo! O ProFranca também vai mostrar um estudo sobre o crescimento de 4,8% ao ano da população de baleia-franca e a identificação de 568 baleias fêmeas que se reproduzem regularmente em Santa Catarina. E para fechar sua participação com chave de ouro, o projeto apresentará um estudo inédito, iniciado em 2020 e ainda em andamento, sobre ecologia alimentar das baleias-franca no Brasil.
Quer saber mais sobre nossos patrocínios ambientais? Clique aqui. Outra dica é assistir o vídeo Curta Institucional, do ProFranca, clicando aqui. Outras ações do dia a dia do projeto, você encontra também nas redes sociais no perfil @institutoaustralis.