Meio Ambiente

Um resgate com final feliz

Um resgate com final feliz

Toda história, no mínimo, merece um início, um meio e um fim. E quem olha para esses simpáticos pinguins nadando agitados na piscina do Instituto Gremar, no Guarujá (SP), não tem como imaginar o trabalho incrível de tratadores, biólogos e veterinários envolvidos na recuperação dessas espécies. A iniciativa integra o Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos conduzido pela Petrobras para atendimento a condicionantes ambientais.

Ainda estávamos no final do mês de junho quando os primeiros pinguins começaram a aparecer nas praias do litoral brasileiro trazidos por correntes marítimas, dando início à temporada 2020 desses visitantes. Anualmente, entre os meses de junho e setembro, eles são encontrados na costa, mas este ano surpreendeu a grande quantidade de animais no mês de junho. Em anos anteriores, o maior número foi registrado em julho e agosto.

- Chegamos a receber quase 80 pinguins vivos no mesmo dia, comentou a médica veterinária do Instituto Gremar, Gabriela Bezerra.

Desde o início deste ano, mais de 4450 pinguins foram encontrados na costa. Muitos deles foram resgatados fracos e machucados por embarcações, apetrechos de pesca ou resíduos sólidos. 

A grande quantidade de pinguins regatados e, consequentemente, de trabalho, uniu ainda mais uma equipe que precisou se esforçar muito na recuperação dos animais. 

- Foi muito gratificante o trabalho, e juntos aprendemos muita coisa sobre outras formas de manejo, logística e recintos, relatou a bióloga e tratadora do instituto, Vanessa Andrade.

 

Tratamento personalizado

Para conduzir a recuperação dos pinguins, muitos profissionais foram envolvidos e os animais puderam receber um tratamento personalizado. A rotina de cada uma das aves foi monitorada minuciosamente, exigindo desde horários preestabelecidos, passando por checagem do conteúdo das sondas de alimentação, do tempo de natação e  de outros detalhes necessários para a recuperação de cada um.

Com o passar dos dias, os pinguins reagiam e até mesmo as eventuais bicadas enchiam de esperança e gratidão a equipe do instituto.

- A maior alegria é quando o animal está estabilizado, sai da papa e começa com o peixe - além de levantar e vocalizar. O primeiro peixe é muito importante, explicou Gabriela.

Depois de praticamente três meses de trabalho pesado, chegou o dia de retornarem ao mar.  Para isso, foi montada uma operação envolvendo três barcos. Pinguins nas caixas de transporte, equipes nos barcos, e lá foram eles navegando em direção ao alto-mar. 

Pinguins

 

Soltura no mar

Lá, a adrenalina ia aumentando conforme a hora da partida se aproximava. Eram muitos detalhes para monitorar - e o forte e incansável balanço das ondas ficou em segundo plano até mesmo para aqueles que não possuem muita afinidade com o mar.

A hora da soltura finalmente chegou e o tratador do instituto, Vitor Akio Mino, começou a abrir as caixas de transporte e se emocionou ao perceber que o primeiro pinguim a ser colocado na caixa liderou o grupo na volta para casa.

- Muitas vezes duvidamos de nós mesmos. Quando vimos eles indo embora, percebemos que valeu a pena todo o esforço de todo mundo aqui, mesmo depois das bicadas, que são a única forma de defesa deles. Gratidão é o que resume – disse Vitor.

E lá foram eles, nadando a caminho do seu habitar natural, no Parque Marinho Lage de Santos, a 40 km da costa. Dentro d´água é só alegria. Após a recuperação, as aves recebem chips para identificação e acompanhamento caso reapareçam em outra região.

- A gente volta da soltura com a vontade, com a energia de continuar fazendo o trabalho com os outros animais, finalizou Rosane Fará, bióloga e gerente operacional do Gremar.
 

#Sustentabilidade #ProjetosAmbientais #Meio Ambiente #mar
Compartilhe