A humanidade nunca disfarçou o seu fascínio pelas baleias. Seja engolindo personagens bíblicos ou de contos de fadas, protagonizando romances clássicos, ou fazendo amizade com garotos solitários em filmes de sucesso, esses imensos mamíferos aquáticos sempre estiveram presentes na nossa cultura pop, como até seu sobrinho que passou uma semana falando “baleiês” depois de assistir “Procurando Nemo” pode atestar.
Mas ainda que estejamos desde sempre observando e admirando as baleias, ainda existe muito que não se sabe sobre elas, seja quanto a seus hábitos, suas rotas migratórias ou mesmo seus processos de comunicação. E é aí que entra o Projeto de Monitoramento de Cetáceos, conhecido como PMC.
Nascido em 2015, como uma condicionante das atividades da Petrobras na Bacia de Santos, o PMC surgiu para avaliar os impactos que a atuação da companhia poderia causar sobre os cetáceos da região, animais como baleias e golfinhos que habitam o oceano que vai de Florianópolis, em Santa Catarina, até Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Mas durante os seus cinco anos de trabalho, o projeto conseguiu obter dados que poderão ajudar a responder diversas questões sobre a biologia dos cetáceos, como por exemplo onde as suas quase 40 espécies estão, por que elas escolhem cada local, para onde migram, quantos animais frequentam aquela região e até mesmo como eles se comportam e se comunicam.
E, ainda que não tão impressionantes quanto uma baleia, é preciso admitir que os resultados obtidos até hoje são bem incríveis. Durante sua meia década de existência, o projeto percorreu mais de 159 mil quilômetros, equivalente a 4 voltas ao mundo, resultando em 2431 detecções visuais e 1096 detecções acústicas de grupos de cetáceo, tudo isso utilizando uma abordagem multi-plataformas e multi-métodos, que integra diversas tecnologias para coletar, processar e analisar dados e amostras.
Até outubro de 2020, foram executadas pelo PMC-BS 33 campanhas de coletas de dados, 11 por avistagem embarcada, 11 por avistagem aérea e 11 por telemetria, num esforço total de 759 dias de campo, algo sem precedentes na costa brasileira. Isso sem contar trabalhos também realizados de registro acústico, marcação para telemetria e biópsia para análise genética e de contaminantes.
E com isso foi possível identificar 27 espécies de cetáceos, entre odontocetos (golfinhos e baleias com dentes) e misticetos (baleias verdadeiras com barbatanas), distribuídas entre 7 famílias, sendo que ao menos 7 dessas espécies estão sob algum grau de ameaça de extinção.
Mas também foi possível identificar a abundância dos animais na região, chegando a 4200 misticetos durante o período de reprodução das baleias e mais de 100 mil delfinídios – a família dos golfinhos, orcas e botos-cinzas.
Isso sem contar ser o palco de conquistas simbólicas como a de Ana Kássia de Moraes, que entrou para a história da biologia marinha ao se tornar a primeira mulher a taggear cetáceos em águas brasileiras, ao colocar transmissores nas nadadeiras de vários dos animais monitorados.
Mas o trabalho não para, já que outras 3 campanhas ainda serão realizadas até março/2021 no âmbito do ciclo de curto prazo do monitoramento, e em de julho/2021 se inicia o ciclo de médio prazo, aprimorando as técnicas e processos que já foram utilizados até o momento.
Se você quiser saber mais sobre o PMC-BS e o trabalho que ele realiza com monitoramento de cetáceos, você pode clicar aqui. Mas se quiser saber mais sobre a nossa atuação no meio ambiente, incluindo histórias sobre pinguins, baleias e lobos-marinhos, é só clicar aqui.