Quem já mexeu com blocos de montar sabe: basta um pouco de imaginação e podemos criar qualquer coisa. Algumas peças do famoso Lego dão origem a um avião. E vários tijolinhos e telhas – os saudosistas se lembram do “Brincando de Engenheiro” – podem se transformar em um castelo digno das mais altas aventuras. Com brinquedos como esses, que estimulam a inventividade e a habilidade motora das crianças, nem o céu é o limite.
Tantas possibilidades de criar atraem a atenção de crianças, jovens e até adultos, animados em montar estruturas diversas. Os modelos mais complexos às vezes requerem milhares de peças para ganharem forma, e um manual com o passo a passo de todas as etapas é fundamental para que a montagem do objeto reproduzido ser bem-sucedida.
E se a gente falasse que aqui na companhia também temos a nossa versão de blocos de montar, inclusive com direito a manual? Para construir uma plataforma seguimos o projeto executivo, que corresponde ao manual de um kit de blocos de montar. É esse projeto executivo que nos guia ao longo de todas as etapas de construção, nos dizendo em que lugar temos que instalar cada uma das milhares e milhares de “peças”, em um modelo com grau elevadíssimo de complexidade.
Utilizamos milhares de “peças” para construir para construir a P-71, uma plataforma do tipo FPSO (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência). Nessa conta entram desde pequenos equipamentos até os módulos de produção – as grandes “peças” que ficam na parte superior da plataforma e transformam o que seria apenas um navio em um ativo capaz de processar petróleo e gás. No caso da P-71, até o casco foi construído do zero, com três megablocos.
Processo de montagem
Enquanto em casa temos que andar com cuidado para não pisar nas pecinhas soltas pelo chão – quem já passou por isso jamais esquece a dolorosa experiência – é impossível deixar de ver os nossos módulos e tropeçar em um deles sem querer. Isso porque são enormes: o módulo elétrico, que distribui energia para a plataforma, é o mais pesado de todos, chegando a ter mais de 1.600 toneladas, o que equivale a cerca de 1500 carros populares.
Para posicionar essas megapeças no lugar certo, usamos guindastes e pórticos com alta capacidade de carga. No caso da P-71, contamos nessa missão com um guindaste-flutuante capaz de içar até 3.600 toneladas. Com o casco já na água, instalamos os módulos por etapas, num processo que costuma levar em torno de um ano.
Uma vez todos os módulos içados, é a hora de conectar tudo e fazer a plataforma ganhar vida. Isso inclui desde a interligação elétrica até completação mecânica para colocar em funcionamento módulos de utilidades, responsáveis pelo processamento de água, ar e pela geração de energia. É o momento em que testamos também os compressores, geradores e vários outros equipamentos, nos certificando de que é possível iniciar a operação da unidade com segurança. Essa etapa, chamada de integração, está em curso com a P-71.
Brincadeira para adultos
Imagine poder “brincar” de blocos de montar como parte do seu trabalho. Esse é o dia a dia do Pedro Cesar Mayer, gerente responsável pela construção da P-71. “Quando era criança, gostava desse tipo de brinquedo. Tinha curiosidade de saber como as coisas eram construídas. Até desmontava alguns objetos só para descobrir como eram por dentro, o complicado era remontar. Hoje fico animado por executarmos com sucesso e segurança o içamento e integração dos módulos da P-71”, conta Pedro, que antes dessa plataforma acompanhou outros quatro projetos de construção de unidades flutuantes de produção.
Guilherme Moura, coordenador na obra da P-71 e pai de três filhos, comenta como o gosto por esse perfil de brinquedos passou para a geração seguinte. “Meus filhos se interessam por blocos de montar, e busco incentivar isso. Lembro bem daqueles blocos de engenheiro na minha infância”, disse. De uma brincadeira, construir modelos a partir de projetos passou a ser sua profissão. E a mesma inventividade que, no passado, fazia com que quatro peças e um telhado virassem um castelo, agora é a energia que nos move a desenvolver novas soluções tecnológicas, para que possamos gerar cada vez mais valor em nossas atividades de produção offshore.
Modelo P-71
A P-71 está em fase de integração no Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo. Com capacidade de produção de 150 mil barris por dia, a unidade seguirá para o campo de Itapu, onde iremos operar com 100% dos direitos de produção.