O budião – ou peixe papagaio - é considerado uma das espécies marinhas mais bonitas da fauna brasileira. Seja o multicolorido budião-verde, que é não apenas verde, mas verde, laranja e um pouco azul; sejam as nadadeiras quase fosforescentes do budião cinza; seja o carisma do budião-azul, cuja combinação de cores e a posição da boca fazem parecer que ele está sorrindo é fácil perceber o quão confortável seria para o budião apenas se acomodar no papel de peixe bonito e viver nas capas de revista e nos sites de fofoca marinha.
Mais do que ser reconhecido pela sua beleza, no entanto, o budião quer ser lembrado pelo seu talento. O budião, que habita o nordeste e o sudeste do Brasil, não é apenas um peixinho bonito. Ele é também uma criatura fundamental para a manutenção dos nossos recifes, garantindo o crescimento saudável dos corais.
Um jardineiro fiel
Isso porque os budiões – uma família com aproximadamente 100 espécies, 10 delas presentes no Brasil – sendo herbívoros que consomem uma grande quantidade diária de alimento, acabam realizando, nas regiões recifais, o papel de controle do crescimento das algas, consumindo essa vegetação para que ela não acabe “sufocando” o crescimento dos corais.
E esse papel de “jardineiro” do budião se mostra essencial porque, sendo a alga uma forma de vida que compete com os corais por alimento e tem uma velocidade de crescimento maior, é a presença faminta do budião que ajuda a manter o equilíbrio do ecossistema, garantindo que os corais se reproduzam, as algas não se avolumem e o próprio budião consiga seguir lindo nas fotos. Esse é o ciclo alimentar do ambiente coralíneo.
Nem sempre é fácil ser bonito
Mas nem tudo é comida farta e competições de mister oceano para o budião. E por sofrer com a pesca predatória, a poluição e outros riscos que a vida marinha segue correndo, ele acabou motivando o surgimento do Projeto Budiões, uma iniciativa patrocinada pela Petrobras após aprovação na Seleção Pública de 2018. O projeto trabalha com pesquisa e conservação de 5 espécies de budiões presentes no nosso litoral, os budiões banana, vermelho, cinza, verde e azul e reforça nosso compromisso de investimentos socioambientais e cuidados com o meio ambiente, além de nos conectar com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável “Vida na Água” (ODS 14).
Um trabalho que envolve desde o monitoramento de atividade pesqueira em áreas de presença das espécies até a educação ambiental sobre a importância do budião, passando pelo desenvolvimento de políticas públicas de preservação e produção de conteúdo científico sobre as características e contribuições desses animais para o ecossistema.
A pesquisa
O monitoramento, avaliação e status populacional dos budiões é realizada por meio de mergulho autônomo ao longo de aproximadamente 3.300 km de costa brasileira, em 7 estados. Durante o mergulho os pesquisadores identificam e anotam todas as espécies de peixes e invertebrados encontrados. Estes métodos são chamados de censo visual em transecto (para contagem de peixes) e a intersecção de pontos para a contagem de invertebrados.
Em recifes profundos a presença de mergulhadores é muito limitada pelo tempo e, mesmo nos recifes rasos, a presença do mergulhador pode afetar diretamente o comportamento dos peixes. Para evitar essa interferência, o projeto Budiões utiliza RUVs (Remoted Underwater Video ou vídeos subaquáticos remotos) que são deixados por períodos de até 50 minutos a 30 metros de profundidade e 6 a 15 metros dos recifes. Nesse “big brother” recifal os pesquisadores observam a ocorrência e distribuição dos budiões e avaliam sua interação no ambiente com indivíduos da mesma espécie ou outras espécies.
Ficou encantando com os Budiões?
Você pode conhecer mais sobre o trabalho desse projeto, acompanhe o @projetobudiões nas redes sociais ou acesse o site budioes.org. Já fotografou um budião? Então você pode colaborar com o projeto, ajudando a identificar a localização das várias espécies, é só clicar aqui. Quer baixar os livros de colorir que o projeto fez, para aprender e brincar com seus filhos? Esse é o link.