Meio Ambiente

Uma expedição histórica: o nascimento do Projeto Tamar

Uma “madrugada iluminada” mudou o destino das primeiras sete tartarugas salvas de mais de 40 milhões já contabilizadas pelo projeto.

Um grupo de estudantes universitários decide acampar numa praia do litoral nordestino. Até aí, uma história bem comum, certo? Mas são os detalhes desta viagem que a fizeram entrar para a história. Vamos explicar o porquê.  

O ano era 1977 e os jovens levavam nas mochilas doses extras de espírito aventureiro. O grupo liderado por estudantes de Oceanologia, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no Rio Grande do Sul, organizou a expedição, mais especificamente para o Atol das Rocas, no litoral do Rio Grande do Norte, com o propósito de recolher moluscos para uma coleção científica.  

Os estudantes passavam seus dias coletando mexilhões e caracóis, seguindo métodos científicos. Em algumas manhãs, ao acordarem, notavam que havia areia sobre seus pertences e uma certa bagunça no acampamento. Afinal, quem poderia estar passeando por ali? Numa madrugada de lua cheia, em meio a uma sinfonia de aves, com volume maior que o normal, despertaram com o grito de uma das colegas da expedição. Onze tartarugas, viradas de barriga para cima, estavam sendo abatidas por pescadores que faziam parte da tripulação contratada pela expedição. 

“Foi uma cena chocante para nós, jovens estudantes, que vimos aqueles animais imensos e magníficos totalmente indefesos no momento mais frágil do seu ciclo de vida: a desova”, conta Guy Marcovaldi, diretor e um dos fundadores do Projeto Tamar. A cena rendeu um momento delicado de conversa com os pescadores e foi recompensada: pelo menos sete tartarugas conseguiram retornar ao mar a salvo. As demais já estavam feridas. Ainda assim, uma delas, mesmo sangrando, conseguiu retornar ao mar. 

Madrugada Iluminada

 

O salvamento das sete tartarugas marinhas naquela “madrugada iluminada” de 5 de fevereiro de 1977 fez surgir uma nova missão: proteger o Atol das Rocas, suas tartarugas e todos os animais lá existentes. Ao retornar da expedição, os estudantes escreveram uma carta formal do Museu Oceanográfico – que integrava a FURG – para o Governo Federal, contando tudo o que aconteceu. 

Essa noite inspirou muito trabalho nos anos seguintes. Em 1979, surgia a Reserva Biológica do Atol das Rocas e o Orçamento da União para o Projeto Tartaruga Marinha, este último efetivado em 1980. Anos depois, foi batizado com o nome de Tamar, um codinome para tartarugas marinhas que, em 1982, recebeu o patrocínio da Petrobras. Já em 1988, nasceu a Fundação Projeto Tamar, que recebe esse nosso patrocínio até os dias de hoje. “Esse relato deixa claro que o Tamar foi fecundado no idealismo de estudantes de Oceanografia, num período precioso de gestação entre fevereiro de 1977 e maio de 1980. Foram anos férteis de incubação”, avalia Guy.  

A parceria da Petrobras com a Fundação Projeto Tamar começou com ações pontuais de doação de combustível para os veículos de apoio ao trabalho e se tornou o primeiro projeto ambiental patrocinado, em 1982, quando a empresa ainda não tinha um programa estruturado como o Programa Petrobras Socioambiental. Por ter o respeito ao meio ambiente como um valor para a companhia e por reconhecermos os resultados positivos do Projeto Tamar na preservação das cinco espécies de tartarugas presentes no litoral brasileiro, a decisão de continuar patrocinando foi sendo renovada ano após ano.  

“Esse patrocínio por longo prazo permitiu que o projeto não apenas contribuísse para a preservação das tartarugas marinhas, mas também promovesse transformação nas comunidades vizinhas. Pescadores que sacrificavam os animais agora são parceiros na preservação, crianças que participam das ações de educação ambiental levam esse conhecimento para casa e algumas até se tornam biólogas. É muito gratificante e inspirador conhecer essa história”, conta Olinta Cardoso, gerente executiva de Responsabilidade Social da Petrobras. 

No total, 19 estudantes estiveram envolvidos nesta fase de criação do projeto e muitos seguiram contribuindo de diferentes formas. Até hoje, Guy Marcovaldi (Coordenador Nacional de Comunicação da Fundação Projeto Tamar), Neca Marcovaldi (Coordenadora Nacional de Conservação e Pesquisa da Fundação Projeto Tamar) e Nice Oliveira (Conselheira da Fundação Projeto Tamar) atuam intensamente no dia a dia do projeto.  

Em 2021, o Projeto Tamar completa 42 anos, com bases de pesquisa e atuação em seis estados brasileiros (PE, RN, SE, BA, ES, SC) e um total de seis centros de visitantes em Fernando de Noronha (PE), Oceanário de Aracaju (SE), Praia do Forte (BA), Vitória (ES), Ubatuba (SP), Florianópolis (SC), e Casa do Projeto Tamar no Beto Carreiro World (Penha/SC). Para conhecer mais, acesse http://www.tamar.org.br/

O projeto Tamar integra a Rede Biomar junto com os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Coral Vivo, Golfinho Rotador e Meros do Brasil, todos patrocinados por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Acompanhe-os nas redes sociais para conhecer mais sobre suas ações de preservação de espécies marinhas. 

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