A história do futebol feminino: do primeiro time à proibição e o cenário atual
Conheça o histórico do futebol feminino no mundo. Descubra algumas das principais atletas e veja como o esporte está recebendo o reconhecimento que merece.
Muito se fala que o Brasil é o país do futebol. Afinal de contas, somos o único país a conquistar cinco Copas do Mundo de futebol masculino e lançamos alguns dos maiores craques da história do esporte — incluindo o saudoso Pelé, que foi eleito o “Atleta do Século” pelo Comitê Olímpico Internacional, em 1999.
Ainda assim, é possível notar uma certa invisibilidade das mulheres no futebol brasileiro, e boa parte desse reconhecimento todo ainda se mantém restrito à categoria masculina. Se muita gente acha que “jogar bola é coisa de menino”, o motivo não é por acaso: até poucas décadas atrás, o futebol era proibido para as mulheres em diversos países.
Mas nada pode parar a energia delas. Descubra mais sobre essa história!
Qual é a história do futebol feminino?
O futebol mundial hoje ainda parece ser dominado pelo público masculino, mas nem sempre foi assim. Já no final do século 19, haviam atletas mulheres fazendo gols, dribles e história, especialmente na Inglaterra. Quando o esporte estava ganhando fama, foi proibido — incluindo o Brasil — e desencorajado por décadas.
A partir da década de 1980, o futebol feminino e o papel da mulher no futebol lentamente voltaram a ser reconhecidos, mas somente agora está voltando aos holofotes e a receber grandes públicos.
Vamos explorar um pouco sobre os detalhes dessa história e, ao final deste conteúdo, você também poderá encontrar outros artigos usados como referência para se aprofundar no tema.
1894-95: surge o primeiro time de futebol feminino
Já no final do século 19, o futebol era praticado por mulheres corajosas que enfrentavam preconceitos na época. Na Inglaterra, foi fundado, então, o que é considerado o primeiro time de futebol feminino da história: as British Ladies Football Team. Elas eram apoiadas pela presidente do clube, a Lady Florence Dixie, que já era conhecida na época por reivindicar os direitos das mulheres.
O clube era formado por duas equipes, chamadas de Norte e Sul. E sua importância também vai além da igualdade de gênero, também buscando criar um esporte mais inclusivo racialmente: é dito que o time Sul também incluiu a primeira jogadora de futebol negra da história! Porém sua identidade não é clara.
1921: o futebol feminino é proibido na Inglaterra
Nas primeiras décadas do século 20, algumas atletas já haviam conquistado uma certa fama e o coração dos torcedores. É o caso da lendária Lily Parr, que ajudou a reunir mais de 53 mil torcedores em uma final de campeonato em 1920, o que acabou tornando-se a maior torcida para um jogo de futebol feminino da história por 99 anos, até ser superada em 2019.
Em 1921, porém, a Associação de Futebol inglesa (FA) proibiu as mulheres de jogarem futebol oficialmente, em estádios e competições, por considerar o esporte inadequado para elas. A partir da proibição, as atletas foram obrigadas a jogar apenas em competições não reconhecidas oficialmente, como em campos e parques.
1941: o futebol feminino também é proibido no Brasil
O pensamento de que o esporte era inadequado às mulheres se espalhou e, em 1941, a proibição oficial ao futebol feminino também chegou ao Brasil. Na prática, o esporte não foi citado, já que foi proibida “a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”, o que também englobou outros esportes na época.
Essa proibição caiu apenas em 1979, mas apenas para esportes que eram reconhecidos internacionalmente — o que não era o caso das mulheres no futebol. Em 1983, o futebol feminino finalmente foi regulamentado no Brasil e passou a ser permitido nos estádios.
1958: é criado o primeiro time de futebol feminino profissional do país
Em 1958, um grupo de meninas adolescentes do interior de Minas Gerais se uniu e fundou o que é conhecido como o primeiro clube de futebol feminino do Brasil: o Araguari Atlético Clube. A quantidade de jogadoras reunida foi suficiente para criar dois times, que visitaram cidades de diferentes estados brasileiros, lotaram estádios e chegaram a ser filiadas à Federação Mineira de Futebol (FMF).
O time recebeu até mesmo um convite para jogar no México, o que nunca aconteceu. Devido à proibição da época, a curta história do Araguari Atlético Clube chegou ao fim um ano depois da sua fundação.
1971: acontece a primeira Copa do Mundo de futebol feminino
No começo da década de 1970, a Federação de Futebol Feminino Europeu Independente (FIEFF) resolveu criar um campeonato para dar espaço às futebolistas mulheres. Para isso, sete equipes nacionais foram convidadas para competir na Itália, e a Dinamarca se consagrou como a primeira seleção feminina campeã do mundo.
No ano seguinte, em 1971, a FIEFF organizou uma segunda competição mundial, dessa vez no México e com seis equipes. Mais uma vez, a Dinamarca voltou para casa vencedora. A grande final dessa Copa do Mundo supostamente reuniu mais de 100 mil espectadores e as campeãs foram recebidas como celebridades, mas, infelizmente, a competição acabou sendo esquecida pelo imaginário popular.
1983: o futebol feminino é regulamentado no Brasil
Finalmente, depois de mais de 40 anos, o futebol feminino é regulamentado e oficializado no Brasil. A partir disso, novos times começam a surgir. Mas, com tantas décadas de proibição, infelizmente o esporte feminino perdeu força e até hoje está recuperando o merecido espaço.
1991: a primeira Copa do Mundo feminina reconhecida oficialmente
A primeira Copa do Mundo feminina de futebol oficial aconteceu três anos depois do Mundial Experimental na República Popular da China, organizado pela FIFA para avaliar o interesse do público por futebol entre mulheres.
Doze países participaram da Copa, e as regras eram um pouco diferentes das que conhecemos hoje: na época, os jogos tinham apenas 80 minutos de duração e cada vitória valia dois pontos. O time brasileiro acabou sendo eliminado ainda na fase inicial, de grupos, e a seleção dos Estados Unidos saiu vencedora.
1996: o futebol feminino chega às Olimpíadas
Cinco anos após seu primeiro campeonato mundial oficial, o futebol feminino também estreou nos Jogos Olímpicos de Verão, na edição de Atlanta, em 1996. A seleção dos Estados Unidos foi campeã, e até hoje se mantém como a equipe com mais medalhas de ouro: das oito edições, até 2024, as atletas estadounidenses venceram cinco!
2013: nasce o Brasileirão Feminino
Trinta anos depois da regulamentação das mulheres no futebol no Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou, junto com a Caixa Econômica Federal, a primeira edição do Campeonato Brasileiro exclusivo para elas — o Brasileirão Feminino.
A competição contou com as 20 melhores equipes do ranking da CBF, e o time Centro Olímpico, de São Paulo, levou o troféu para casa. A partir de 2016, o número de equipes caiu para 16 e também foi criada a segunda divisão.
2019: times da Libertadores precisam ter equipes femininas
A Copa Libertadores Feminina já é disputada pelas mulheres desde 2009, mas, alguns anos depois do surgimento da competição, o número de times sulamericanos femininos ainda era baixo, já que o foco ainda estava nas equipes masculinas.
Para transformar essa situação, em 2016 a FIFA se uniu à CBF e à Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) para criar um novo regulamento: a partir de 2019, quem não tiver um time feminino de futebol — próprio ou em parceria — não poderá competir na Libertadores masculina.
2023: governo federal concede ponto facultativo em dias de jogos da seleção feminina
Há muitos anos, é concedido ponto facultativo nacional em dias de jogos da seleção brasileira masculina de futebol em Copas do Mundo, mas o mesmo nunca havia sido feito para os jogos femininos. Até 2023. Durante a Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino de 2023, que aconteceu na Austrália e na Nova Zelândia, o governo federal e o governo estadual do Ceará determinaram ponto facultativo em dias de jogos da nossa seleção.
Pode parecer um pequeno passo, mas o ato incentiva a visualização dos jogos das nossas atletas e também ajuda a fortalecer a igualdade de gênero no esporte, criando uma torcida apaixonada pelo futebol feminino no país.
Quem são algumas das maiores jogadoras de futebol da história?
- Nettie Honeyball: capitã do primeiro time conhecido de futebol feminino do mundo, em 1895: as British Ladies Football Club.
- Marta Vieira da Silva: conhecida por muitos como a maior jogadora de futebol da história, Marta é a maior artilheira da história das seleções brasileiras, masculina e feminina. Também é a mulher futebolista que mais conquistou Bolas de Ouro na história — foram seis no total.
- Formiga: única atleta do mundo que participou de sete Copas do Mundo e de sete edições dos Jogos Olímpicos de Verão, também sendo a jogadora mais velha a marcar um gol em uma Copa do Mundo. É um exemplo de raça e longevidade.
- Lily Parr: marcou mais de 1000 gols em sua carreira e foi a primeira mulher a entrar no Hall da Fama do Museu Nacional do Futebol inglês.
Quer saber mais sobre outras jogadoras que fizeram história no futebol brasileiro? Leia também: “6 jogadoras de futebol que você deveria conhecer”
Como a Petrobras investe no futebol feminino?
Temos uma estratégia ampla de patrocínios para o futebol feminino — que se conecta à Estratégia Nacional para o Futebol Feminino — , com o objetivo de estimular o empoderamento das mulheres no futebol e o desenvolvimento profissional e de infraestrutura. Essa iniciativa vai além dos campos, já que também ajudam a criar um ambiente mais diverso e seguro para as mulheres, além de criar uma nova base de atletas e torcedoras apaixonadas pelo esporte.
Exemplo disso é que, em 2024, fechamos parceria com a Federação Paulista de Futebol (FPF) para patrocinar todas as competições e eventos oficiais de futebol feminino em São Paulo até o final do ano!
Outro projeto voltado para as nossas crianças é a Caravana Petrobras, que, em parceria com a Federação Paulista de Futebol (FPF), realizou competições de atletas sub-8, sub-10, sub-12 e sub-15 do Futebol Feminino do Sesi-SP. A iniciativa abriu espaço para as jovens atletas mostrarem seu talento, mas também trouxe atividades educativas para docentes, técnicas e técnicos.
Veja um pouco mais sobre a Caravana Petrobras:
Também estamos apoiando cursos de capacitação, como o Liderança Feminina, e um projeto para professores de educação física de escolas públicas. Desse jeito, queremos ajudar a levar o futebol a uma nova geração de mulheres, criando referências e aumentando a representatividade feminina no esporte.
Conheça mais sobre nosso patrocínio ao futebol feminino
Principais competições de futebol feminino paulista patrocinadas pela Petrobras
- Paulistão Feminino;
- Copa Paulista;
- Copinha Feminina;
- Paulista Sub-20;
- Paulista Sub-17.
A partir desse apoio, alguns campeonatos e festivais ganharam sobrenome: Paulista Petrobras de Futebol Feminino Sub-20 e Sub-17, Taça Paulistana Petrobras de Futebol Feminino, Festival de Futebol Feminino Sub-12 e Sub-14 Petrobras e Caravana Petrobras de Desenvolvimento do Futebol Feminino.
Quer descobrir mais histórias sobre o futebol feminino?
A história do futebol feminino merece ser contada. Por isso, todo este conteúdo foi criado a partir de documentos e artigos de confiança, sejam eles de jornais ou de arquivos históricos. Quer ler mais sobre o assunto? Veja alguns dos principais conteúdos usados como referência:
- “History’s Lionesses: The British Ladies Football Team and the beautiful game in 1895” - The Nacional Archives (em inglês);
- “A Copa do Mundo de futebol feminino que ninguém sabe que aconteceu” - Exame;
- “Overlooked No More: Lily Parr, Dominant British Soccer Player” - NY Times (em inglês);
- “Baú da Política: o futebol feminino já foi proibido no Brasil e a política tem tudo a ver com isso” - Arquivo Nacional;
- “Pioneiras do esporte proibido: histórias do início do futebol feminino no Brasil” - Globo Esporte;
- “How the Women’s World Cup Evolved Into What It Is Today” - TIME (em inglês);
- “Copa 71: Film shows record-breaking women's World Cup” - BBC (em inglês).
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