Caprichoso ou Garantido? Qual boi mais animado de Parintins?
Festival de Parintins celebra um dos mais atrativos bois-bumbás do Brasil. Conheça mais sobre ele!
Caprichoso ou Garantido? Quem ganha somos todos!
Fotos: Leandro S. Nascimento e Oliver Kornblihtt (MINC/SCDC)
Caprichoso ou Garantido? Em Parintins, não tem meio-termo. É um boi ou ‘o contrário’, como costumam se referir ao adversário no Festival de Parintins, no Estado do Amazonas. Toda a festa é dividida ao meio: vermelho de um lado, azul do outro; corações versus estrelas. A ilha vive desse contraste, mas é no começo de junho que a energia cresce com a proximidade dos três dias de festa, no final do mês. A tradicional festa do boi-bumbá, que une competição, lendas indígenas e a alegria, que sintetiza a cultura brasileira.
Nos dias do Festival, reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural do Brasil, a cidade recebe cerca de 120 mil pessoas, dobrando a população. O acesso não é trivial. Há alguns voos, mas a maioria vai de transporte fluvial, que leva de 8 a 18 horas a partir de Manaus (AM) ou Santarém (PA), dependendo da embarcação. Vale a pena embarcar na ‘temporada bovina’ e presenciar a celebração da nossa cultura.
Origem do Festival de Parintins
Boi Caprichoso e Boi Garantido / Nathalie Brasil (Agência Petrobras)
Por falta de registros oficiais, há muita controvérsia sobre a origem do Festival e dos bois-bumbás. É consensual que os bois surgiram em 1913, qual surgiu primeiro é uma polêmica que evitaremos. Basta dizer que o Garantido foi criado por Lindolfo Monteverde, na Baixa de São José, uma vila de pescadores, como uma promessa para curar uma enfermidade. Era a representação de bumba-meu-boi, com um boi branco, decorado com coração vermelho. Já o Boi Caprichoso surgiu na região da Francesa e de Palmares. Era, e ainda é, um boi preto, com estrela azul na testa.
O festival em si começou em um tablado no centro da cidade, em 1965, ladeado por duas arquibancadas de madeira, evoluiu e hoje acontece em um ‘bumbódromo', que tem o formato da cabeça de um boi, com camarotes, zona mista e a arquibancada das torcidas, sempre divididas. Nessa área, a iluminação só é acesa enquanto o respectivo boi está se apresentando e a torcida só se manifesta durante a apresentação do seu lado.
Lenda
Uma lenda deu origem aos bois e ao festejo. Tanto Caprichoso, quanto Garantido representam, todos os anos, a história da Mãe Catirina e do sacrifício do boi favorito do rebanho para atender ao desejo da grávida.
A lenda inspirou o bumba-meu-boi no Maranhão e o boi-bumbá em toda a Região Norte. São origens iguais, mas ritmos e celebrações diferentes. No Amazonas, a lenda ganha a mescla com a cultura indígena do Norte e novas lendas são trazidas na evolução das apresentações, a depender do tema escolhido para o ano. A floresta e a natureza, sempre presentes, também ornamentam e são lembradas nas apresentações. Tal qual a simbiose de toda a gente da região amazônica com a floresta.
O ritmo de Parintins é a toada, que segundo Luís da Câmara Cascudo, um dos nossos maiores folcloristas, é uma canção breve, em geral de estrofe e refrão em quadras e fala de amor. No Boi-Bumbá de Parintins, a temática gira entre a louvação dos itens do boi, a religiosidade do povo, a natureza e o romantismo, variações sempre contextualizadas ao tema do ano.
Muita provocação, mas só para festejar
O bumbódromo é o palco onde acontece a disputa / Foto: Alex Pazuello (AmazonasTur)
Os versos do amo do boi, personagem das apresentações, provocam da forma que pode, em rimas ácidas, a torcida adversária. Esta, deve permanecer quieta e calada enquanto o outro boi se apresenta para não perder pontos. Esse é um dos temperos da disputa, que propositalmente é dividido entre dois opostos.
É da tensão que vem a energia para a festa. Energia que se transforma em alegria contagiante, que cresce a cada ano. Alegria que, por sua vez, é medida e avaliada como item da competição.
Na verdade, até existe um terceiro boi-bumbá, o Boi Campineiro, adornado com um sol na testa. Chegou a disputar em alguns anos, mas o Festival gira mesmo em torno do Boi Caprichoso e do Boi Garantido.
A disputa
Marujada Caprichosa e Batucada Garantida / Alex Pazuello e Lucas Silva (AmazonasTur)
Todos os anos, são três dias de festa na última semana de junho, com apresentações de duas horas a duas horas e meia de cada boi, sorteados na semana que antecede a disputa. Três apresentações diferentes e originais, mas coerentes com o tema escolhido. O calor, destacado nesta época do ano, aumenta a ansiedade de todos. Serão avaliados por 21 itens, entre individuais e coletivos. Jurados, de notório saber, vão decidir quem contou a história da lenda da melhor forma naquele ano. A euforia é enorme nos três dias de apresentações, faz par com a ansiedade dos três dias seguintes, enquanto não sai o resultado.
A competição, em si, avalia a evolução de cada apresentação. As toadas escolhidas são tocadas pela marujada, se for Caprichoso, ou batucada, se for Garantido. São realizados rituais indígenas, com recriações de lendas contextualizadas ao tema escolhido e também aparecerá sempre uma lenda amazônica. Individualmente, destacam-se as performances da Cunhã-Poranga, a bela guerreira, que representa a floresta e a natureza, do Pajé, que comanda os rituais, que acontecem durante a evolução da apresentação e do Apresentador em si, que precisa manter o pique nas três horas, explicando cada entrada e cada simbolismo.
Em toda a história do Festival, houve um único empate em mais de 55 anos. Isso aconteceu em 2000. Imagina a festa?
Patrocínio Petrobras
Estrelas e Corações encantam quem visita Parintins / Fotos: Clara Angeleas (MinC) e Júlio Miyazaki (Boi Garantido)
É embalado pelo banzeiro do rio, inspirado pelos brincantes de boi e na torcida para que a Boiuna não resolva acordar, que a Petrobras está presente em Parintins para incentivar a cultura regional, gerar oportunidades e desenvolvimento, além de fortalecer a identidade dos brasileiros. A Petrobras conta atualmente com uma carteira de patrocínios composta por mais de 80 projetos, que se fazem presentes em todos os Estados brasileiros.
E afinal, de que lado estamos? Não tivemos dúvidas, escolhemos o Festival todo. Com suas cores, suas tradições e a energia da cultura regional brasileira alcançando todo o País. Nosso compromisso é com a igualdade e a inclusão. Escolhemos todos os lados sem distinção. Nós acreditamos que a cultura também é nossa energia.
Projeto Mochileiras no Festival de Parintins
E quem será que venceu a disputa de 2024: Caprichoso ou Garantido? Para descobrir isso e ver de pertinho tudo que o maior festival folclórico a céu aberto do mundo tem de melhor, nossa mochileira Rayssa Galvão, a @rayneon, foi até Parintins na segunda temporada do nosso projeto Mochileiras. Nesse e em outros episódios, a Rayssa vai conhecer e mostrar mais sobre a diversidade cultural do nosso país. Vem com a gente!
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