Algumas coisas são tão incríveis que nos fazem pensar “como que isso é possível???”. Um ser humano correr 100 metros em menos de 10 segundos, tão rápido que até merece ser apelidado de raio. Pular a uma altura de mais de 1,60 metros, sem tomar impulso. Plantar bananeira apenas com dois dedos de cada mão – e aguentar nessa posição por intermináveis 20 segundos. Em comum? São feitos conquistados com muito esforço e habilidade, possibilitados pela característica do ser humano de sempre tentar se superar para alcançar conquistas inéditas e surpreendentes.
E assim como o ser humano trabalha o lado físico para aperfeiçoar essa poderosa máquina orgânica chamada corpo, um outro tipo de força impulsiona a humanidade a desenvolver um diferente tipo de máquina, em que o bíceps avantajado e o abdômen tanquinho dão vez a parafusos, engrenagens e outros objetos mecânicos. O conhecimento motivou a humanidade a criar soluções tecnológicas para encurtar distâncias, facilitar a comunicação, detectar doenças, iluminar até as noites mais sombrias – e mais uma infinidade de invenções que hoje fazem parte do nosso dia a dia, mas que já deixaram muita gente boquiaberta quando surgiram.
Quando começamos a falar em produzir em águas profundas e ultraprofundas, no pré-sal, o sentimento que instiga o ser humano a provar que sim, isso é possível – mais ainda, é viável financeiramente - estava lá, presente. Da mesma forma como hoje podemos subir num avião e em algumas horas chegar em outro continente, o pré-sal passou a ser algo comum em nossas vidas, em nossa rotina aqui na companhia. Deixou de ser uma dúvida para se tornar uma realidade. E uma realidade que se materializa no campo de Tupi, o campo com maior produção do pré-sal hoje.
Nossa vocação para inovar foi crucial para quebrarmos recorde atrás de recorde em Tupi e no pré-sal. Para vencer desafios gigantescos, tivemos que desenvolver tecnologias inéditas e gerar um conhecimento até então inexistente na indústria, o que tornou o campo de Tupi um dos principais cases de geração de valor da indústria de petróleo offshore.
Conheça alguns feitos incríveis que marcam esse pedaço da nossa história:
1 – De ‘mato’ ao campo com maior produção do mundo em águas profundas
Se não fosse em alto-mar, poderíamos dizer que tudo era mato quando chegamos no campo de Tupi. Passamos a atuar em uma distância de cerca de 300 km da costa, com profundidades d´agua de até 2.200 metros e o desafio de chegar a reservatórios com características únicas, sem equivalentes no mundo, que ainda por cima estão abaixo de uma espessa camada de sal – daí o nome pré-sal – e isso sem nenhuma infraestrutura prévia no local.
Para superar a distância acima do que estávamos habituados na época, tivemos que implantar uma logística complexa e buscar helicópteros com autonomia de voo maior, suficiente para chegar ao campo.
2 – Mais profundo riser flexível do mundo, com direito a sistema integrado de monitoramento de rompimentos
Tantos desafios nos fizeram ousar para tornar o pré-sal uma realidade. E isso culminou em um reconhecimento mundial, em 2015, com o prêmio Distinguished Achievement Award da Offshore Technology Conference (OTC) pelo conjunto de 10 tecnologias desenvolvidas para o pré-sal – nove delas utilizadas em Tupi.
Uma delas é o mais profundo riser flexível do mundo – traduzindo: riser é o duto vertical que transporta o petróleo ou gás dos poços no fundo do mar até as plataformas. A inovação no pré-sal foi a instalação de um modelo flexível a 2.220 metros de profundidade, capaz de suportar altas pressões e resistente a gases contaminantes. E se isso tudo não fosse suficiente, fomos ainda além e incrementamos o equipamento com uma outra tecnologia inédita para risers flexíveis: um sistema integrado que monitora a estrutura do duto, alertando rapidamente sobre potenciais rompimentos e garantindo a segurança da operação.
3 – Primeira boia para sustentar o peso e minimizar movimentação de risers rígidos
Imagine um riser rígido, que sai do fundo do mar até uma plataforma flutuante. Qualquer movimento que a plataforma fizer, por conta das ondas e correntes marítimas, vai fazer com que o duto se mexa, correto? Pois criamos uma solução pioneira na indústria para diminuir a transferência desse movimento: uma boia instalada a cerca de 250 metros de profundidade que sustenta o peso dos risers, garantindo a vida útil mesmo em condições severas, como mar agitado. Apelidada carinhosamente na Petrobras de boião.
4 – Primeiro riser rígido em curva plana, com proteção interna contra corrosão e instalação por meio de carretel
Ficou cansado só de ler mais esse feito da Petrobras né? Deixa a gente explicar. Quando é instalado em suspensão na água com apenas suas extremidades fixadas, uma no poço e outra na plataforma, o riser rígido assume uma pequena parábola, uma ligeira curva. O fenômeno, chamado de catenária, acontece devido ao peso da estrutura – similar a um cabo telefônico conectado a dois postes. Nossa inovação consistiu em usar, pela primeira vez, tubos rígidos de aço carbono em catenária com um revestimento interno resistente à corrosão (liner). Procedimentos especiais e testes de qualificação permitiram que o lançamento e instalação desses risers fosse feita por navios equipados com carretéis (reel lay), um método mais rápido do que os meios convencionais. E, sim, é um grande carretel, como os de linhas de costura, só que gigante, que vão desenrolando os risers durante a instalação.
5 – Perfuração de poço em maior profundidade de lâmina d´água com técnica especial para subsolo com fraturas ou cavernas
Na medida em que perfuramos um poço, usamos um fluido, chamado de lama de perfuração, para manter a pressão e evitar que as paredes desmoronem enquanto retiramos o cascalho. Mas acontece que às vezes nos deparamos com trechos de fraturas ou cavernas no subsolo marítimo que podem gerar perda de lama de perfuração. Essa perda de lama pode resultar em redução de pressão e consequentemente desmoronamento das paredes do poço ou um indesejado fluxo de fluido do reservatório para o poço – um fenômeno conhecido como kick.
É nessa situação em que precisamos usar uma técnica especial, Pressurized Mud Cap Drilling (PMCD), em que as fraturas são preenchidas com fluidos de sacrifício, geralmente água do mar, antes de continuar a perfuração. Assim, a lama cumpre sua função na perfuração e não escorre para outras cavidades. A tecnologia viabiliza a perfuração até mesmo em cenários com grandes perdas de circulação, como o campo de Tupi, onde usamos a tecnologia de forma inédita em termos de profundidade (2.103 metros).
6 – Primeiro uso intensivo de completação inteligente em águas ultraprofundas
Construir um poço vai muito além da perfuração. É preciso um conjunto de operações para equipar e deixar o poço pronto, completo, para produzir óleo e gás ou injetar fluidos no reservatório – daí o nome ‘completação’ dessa etapa final. Quando utilizamos a completação inteligente, conseguimos produzir ao mesmo tempo a partir de duas ou mais zonas do reservatório, algo possibilitado por válvulas que são fechadas ou abertas remotamente a partir da sala de controle da plataforma. A tecnologia permite um melhor gerenciamento do reservatório e contribui para aumentar o fator de recuperação final de óleo e gás. No campo de Tupi, fizemos o primeiro uso intensivo dessa tecnologia em águas ultraprofundas.
7 – Primeira separação de CO2 em águas ultraprofundas, com retorno ao reservatório por meio do mais profundo poço submarino de injeção de gás
O petróleo não sai sozinho do poço. Misturado a ele estão água, gás natural e, às vezes, dióxido de carbono (CO2). Para separar o CO2 do petróleo e do gás natural, usamos um sofisticado sistema de membranas que filtra as moléculas de gás em uma camada plástica de vedação. Uma vez separado, o CO2 é reinjetado. E assim fazemos do limão uma limonada: a reinjeção do CO2 aumenta a pressão no reservatório, melhora a drenagem e a recuperação de óleo, além de reduzir a emissão de gases efeito estufa.
Foram duas conquistas em um só campo: Tupi é o lugar onde batemos o recorde global de poço submarino mais profundo com injeção de gás com CO2 e onde foi realizada a primeira operação de separação desse tipo em águas ultraprofundas.
8 – Primeiro uso do método de injeção alternada de água e gás em grandes profundidades
Assim como a injeção de gás CO2 no reservatório ajuda na recuperação de petróleo, o mesmo acontece quando injetamos água. E para melhorar a recuperação, com uma operação mais flexível, desenvolvemos uma tecnologia que permite alternamos a injeção de água e gás por meio de um mesmo poço em um cenário de grandes profundidades de lâmina d’água.
A injeção alternada de água e gás (WAG) combina os efeitos do deslocamento do gás e do varrido da água, que é potencializado com a redução da viscosidade do óleo em função da miscibilidade com o CO2.
Uma inovação que nasceu para melhorar nossos resultados em Tupi e que, assim como as demais tecnologias e aprendizados, abriu caminho para que possamos, hoje, desenvolver outros campos do pré-sal como Búzios e Mero – num cenário que se mostra promissor, cheio de novas oportunidades.
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