Uma baleia-jubarte adulta pode viver em média 60 anos e medir até 16 m de comprimento - o que equivale ao tamanho de um ônibus e um carro juntos - e ainda pesar 40 toneladas - peso de 8 elefantes africanos. E uma baleia-franca, única espécie em extinção que se reproduz no litoral brasileiro, tem expectativa de vida de 80 anos e pode pesar 40 toneladas, bem distribuídos em 15 metros.
Todos os anos, nesta época, cerca de 20 mil baleias-jubarte e 100 baleias-franca chegam ao nosso litoral para acasalar e dar à luz os seus filhotes, retornando às águas polares durante o verão. Acompanhe aqui 10 curiosidades sobre as baleias que estão acasalando no nosso litoral.
Durante a temporada reprodutiva, as baleias jubarte macho cantam provavelmente para chamar a atenção das fêmeas ou mesmo afastar outros machos. Essas canções são frases cantadas em longas sequências de repetição. O canto difere entre as populações de baleias e varia a cada temporada, sendo alterado lentamente até se tornar uma canção completamente distinta em cinco anos.
Para atrair as fêmeas, jubartes macho também podem saltar. O salto é o comportamento mais impressionante da jubarte, quando ela consegue projetar mais de 2/3 de seu corpo para fora d’água com ajuda das suas longas nadadeiras peitorais, que chegam a medir até 1/3 de seu comprimento total. Fêmeas também têm a habilidade do salto, que pode ocorrer por diversas razões, como comunicação. Já entre as baleias-franca os saltos são observados com mais frequência nos filhotes, possivelmente para se exercitarem.
Após a gestação, que dura cerca de um ano, a fêmea entra em trabalho de parto. Sempre nasce um único filhote a cada gestação. Os filhotes de baleia nascem com a pele cinza claro, com aproximadamente 4m de comprimento, mas enquanto o bebê jubarte pesa 1.000kg, o bebê franca pode chegar a 4.000 kg. A nadadeira dorsal da jubarte é mole e dobrada para facilitar o nascimento enquanto as franca não possuem nadadeira dorsal.
Em geral, o intervalo entre cada gestação da mamãe baleia Jubarte é de dois a três anos, e das baleias-franca é 3 anos.
Após o nascimento, a mamãe “dá colo” para proteger na superfície o seu filhote recém-nascido. De acordo com os pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte, esse é um dos primeiros comportamentos de cuidado das jubarte e acontece “quando a mãe posiciona a cabeça abaixo do filhote - sendo possível observar quase seu corpo inteiro sobre ela – ajudando nas primeiras respirações e mantendo distância de embarcações ou outros animais marinhos”. As francas apresentam um comportamento diferente, em geral viram com o ventre para cima para apoiar o filhote entre suas nadadeiras peitorais, em momentos de descanso necessários ao filhote recém-nascido.
Após nadar e respirar, o filhote irá mergulhar para mamar pela primeira vez. Durante a amamentação, é possível observar com frequência as baleias jubartes fêmeas em posição vertical, com a cabeça voltada para o fundo do mar e a cauda fora da superfície. Nesta posição, a pequena baleia pode mamar e logo depois subir para respirar mais facilmente. Já as baleias-franca dão de mamar na posição horizontal, permanecendo próximas à superfície.
O trabalho de fotoidentificação das baleias-franca no sul do Brasil permitiu o registro de baleias como Troff e JDot, duas baleias conhecidas desde 1970 quando foram avistadas na Argentina. O último registro de Troff no Brasil foi em 2011 e de JDot foi em 2017, quando teve seu sexto filhote no Brasil. Hoje podemos dizer que elas são senhoras de quase 60 anos, já deram vida a várias gerações de animais.
As baleias-franca possuem nadadeiras peitorais curtas e largas e a cauda é larga e pontiaguda. Uma faixa de 2.100 km de litoral entre Brasil, Uruguai e Argentina pode parecer muito para nadadores, mas para as francas que se reproduzem na região, é apenas um pequeno deslocamento. A comparação de catálogos de estudos científicos dos três países mostra que é preciso uma estratégia integrada para a conservação das baleias que a cada ano se escolhem um trecho para se reproduzirem. As baleias jubartes estão presentes em todos os oceanos, sendo, sendo que o litoral da Bahia, em Abrolhos, é o maior berço reprodutivo do Oceano Atlântico Sul Ocidental.
As baleias jubarte e franca são poliândricas, o que significa que vários machos cortejam a fêmea. A fêmea pode acasalar com vários machos sucessivamente, sem agressividades ou ciúmes, e irá engravidar provavelmente do último parceiro.
As baleias-franca produzem um som de baixíssima frequência – inferior a 000 Hz (a audição humana vai de 20 a 20.000 Hz). São sete tipos de sons que são emitidos para a comunicação entre as baleias franca que nadam no litoral sul do Brasil. O principal é o “up call”, um tipo de chamado ascendente que ajuda a mães e filhotes não se perderem de vista especialmente nos primeiros meses da baleia bebê.
Diferente das Jubartes, as baleias-franca são identificadas não pela cauda, como uma impressão digital única, mas pelas calosidades da cabeça, colonizadas por piolhos-de-baleia (ciamídeos). Elas possuem corpo de cor preta e podem apresentar manchas brancas ou cinzas no dorso e no ventre. Este ano, a temporada de baleias iniciou mais cedo no litoral brasileiro. Por isso, os Projetos Baleia Jubarte e ProFranca, patrocinados pelo Programa Petrobras Socioambiental, intensificarão as pesquisas e os cruzeiros de observação, para monitorar e identificar estes animais.
Quer saber mais sobre as baleias? Acesse o site e as redes sociais do Projeto Baleia Jubarte e Projeto ProFranca, patrocinados pela Petrobras e que atuam por meio da pesquisa científica, turismo responsável e educação ambiental, bem como atividades de conservação da população de baleias.