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Uma receita premiada: o que as tecnologias pioneiras do campo de Búzios têm em comum com a gastronomia?

Conheça as soluções inovadoras que desenvolvemos para viabilizar o maior campo de petróleo em águas profundas do mundo

Atualizado em 15/10/2024

Postado em 19/01/2024

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Ingredientes de qualidade, por si só, não fazem um prato excepcional, digno de reconhecimento pelos grandes críticos e autoridades gastronômicas. Técnicas apropriadas, muita dedicação e engenhosidade são capazes, sim, de elevar uma receita à máxima potência, em um prato de um autêntico superchef. Assim como no mundo da gastronomia, a experiência e conhecimento acumulados – só que em águas profundas e ultraprofundas – são decisivos para aprimorar nossas tecnologias de exploração e produção, criando soluções inovadoras para desenvolvimento dos nossos campos marítimos.

Aqui, a “dólmã” (vestuário) de chef é trocada por jalecos, capacetes e outros equipamentos de proteção. Os restaurantes, por nossos laboratórios, escritórios e unidades operacionais. Saem panelas e facas, entram equipamentos submarinos, linhas flexíveis especiais e poços inteligentes. E, nessa jornada de inovação, aprimoramos tanto nossas tecnologias que elas nos renderam, pela quarta vez, o principal prêmio da indústria mundial offshore – o Distinguished Achievement Award for Companies, concedido pela Offshore Tecnhnology Conference (OTC). 

 

Salto na eficiência 

Desta vez, o reconhecimento internacional é fruto do conjunto de soluções inovadoras que desenvolvemos para viabilizar a produção do nosso supergigante: o campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. São tecnologias pioneiras na indústria, que nos permitem operar em um cenário que combina condições extremas, como águas ultraprofundas e reservatórios abaixo da camada de sal, submetidos a elevados níveis de pressão, além da presença de gás carbônico. 

Mais do que quebrar paradigmas técnicos, essas soluções trouxeram ganhos de eficiência e produtividade sem precedentes. No campo de Búzios, a 180 quilômetros da costa do Rio de Janeiro, nasce um legado de conhecimento e de inovação único para a indústria offshore mundial, que amplia os limites tecnológicos em águas ultraprofundas.

 

Saiba quais são essas tecnologias pioneiras

Assim como na hora de assar biscoitos é importante deixar uma folga entre as porções de massa crua na forma, para que eles possam crescer durante o cozimento, liberar espaços a mais ao redor do casco de uma plataforma do tipo FPSO (unidade flutuante que produz, armazena e transfere petróleo) é sinônimo de ganho de eficiência e economia.   Isso porque são múltiplas as conexões necessárias para uma plataforma desse tipo funcionar - como a instalação das linhas de ancoragem, que usamos para posicionar a unidade flutuante no local correto, ou dos risers (dutos que escoam o óleo do poço até a planta de processo). 

Ilustração mostrando aplicações de estaca-torpedo em alto mar.
O número de conexões necessárias para fazer uma plataforma FPSO funcionar é imenso — e complexo.


Ao utilizarmos as maiores estacas-torpedo já empregadas na indústria, conseguimos reduzir o raio de ancoragem e a quantidade de linhas de amarração necessárias para posicionar um FPSO (de 24 para 20 linhas), ganhando mais espaço para as conexões dos risers submarinos e diminuindo custos.

Essa tecnologia nos levou a outra inovação que também reduz custos e aumenta a eficiência operacional em Búzios: configurações otimizadas do sistema de risers, um feito que alcançamos em parceria com nossos fornecedores. Diminuímos a distância entre o FPSO e os poços, com linhas de fluxo de óleo, gás e água mais curtas, reduzindo também o número de módulos flutuadores de risers em 40%.

Quando recebemos um canudo especial junto com o milk-shake, com diâmetro maior do que o padrão, sabemos que essa característica vai tornar possível darmos grandes goles na bebida sem dificuldade. E em Búzios não é diferente. O campo com o maior volume de óleo e gás em águas profundas do mundo, que detém o nosso recorde de produção mensal com 615 mil barris de óleo por dia (bpd), requer um sistema de escoamento que faça jus à tamanha produtividade. 

Fotografia de linhas flexíveis da Petrobras e robôs para exploração de águas profundas.
Representação de uma de nossas configurações otimizadas do sistema de risers.


É por isso que nesse campo estamos usando, pela primeira vez na indústria, linhas flexíveis de oito polegadas em águas ultraprofundas. Com isso, ganhamos em capacidade de vazão, podendo escoar até 40% mais do que nos projetos usuais do pré-sal, que utilizam linhas de seis polegadas. Essa melhoria abriu caminho para batermos o recorde de mais de 60 mil bpd por poço, além de alcançarmos a capacidade máxima de produção dos FPSOs de Búzios com apenas três poços.

Se tudo o que precisamos fazer para nos servir de um refil de refrigerante em redes de fast food é apertar uma alavanca na frente da máquina, por trás desse equipamento tem toda uma estrutura para colocar, simultaneamente, xarope, água e gás no nosso copo. Em um campo de petróleo, as chamadas “injeção de água” e “de gás” também são  fundamentais para “calibrar” a produção.  É um método  amplamente utilizado para  manter a pressão, otimizar a produção e aumentar  a quantidade de óleo recuperada do reservatório.

Manifold criado pela Petrobras para injeção simultânea de água e gás.
Representação do manifold de injeção simultânea de água e gás utilizado em Búzios.


O nosso diferencial? Em Búzios, utilizamos um sistema capaz de injetar ambos os materiais simultaneamente. Desenvolvemos o primeiro manifold do mundo de injeção simultânea de água e gás (WAG), concebido para receber água e gás e distribuí-los para os poços selecionados.

Um utensílio que facilite a retirada de todas as uvas-passas da ceia natalina seria o sonho de toda pessoa que não é fã da fruta desidratada. Aqui a situação é inversa: queremos mesmo é extrair o que tem de mais valioso no reservatório, escolhendo a zona do poço com maior potencial para produzir petróleo.

Poço de exploração sendo controlado à distância. Na tela, escritos de Open e Close.
Representação de nosso equipamento inovador que gerencia os fluidos produzidos com maior eficiência.


Para facilitar essa missão, desenvolvemos uma solução chamada de “completação inteligente”, que consiste em preparar um poço para produzir e controla-lo remotamente por meio de sensores.  Só que no campo de Búzios fizemos isso em um cenário de possível perda total de fluidos – pela primeira vez na indústria -  além de sermos pioneiros no uso offshore da completação em duas zonas. Com o equipamento, instalado a uma profundidade de 5,8 mil metros dentro dos reservatórios, conseguimos gerenciar melhor os fluidos produzidos – e quanto maior a eficiência na construção dos nossos poços, maior a nossa produção e menores são os investimentos.

Reproduzir a forma de um objeto, como em alguns bolos decorados que parecem esculturas e obras de arte, já é uma tarefa que demanda muita habilidade. Mas montar um modelo 3D de um reservatório de petróleo offshore localizado a milhares de metros de profundidade, aí é uma tarefa que só a tecnologia pode dar conta.

Para gerar uma imagem mais precisa do reservatório, conduzimos em Búzios a maior aquisição sísmica “3D OBN” do mundo em águas ultraprofundas. E como fizemos isso? Instalamos, no solo marinho, receptores para capturar dados sísmicos de uma área de 1.640 km². A partir do registro das reflexões das ondas sísmicas detectadas por esses sensores, pudemos caracterizar a jazida e iniciar um monitoramento sísmico para a gestão do reservatório. E a solução inovadora nos permite ainda antecipar cenários e monitorar a produção do futuro por meio de técnicas 4D.

Série Búzios

Esse é mais um capítulo da série de conteúdos sobre Búzios, esse campo que está entrando para a nossa história de exploração e produção em águas profundas. Confira mais curiosidades sobre esse supergigante e saiba por que é o nosso ativo mais valioso em produção:

Um gigante em alto-mar: por que o Campo de Búzios é o ativo mais valioso da Petrobras

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