Cinema é a maior diversão – e também fonte de aprendizado e conhecimento. Convidamos nossos cientistas a indicar 6 filmes sobre criatividade e inovação, que marcaram suas vidas e trouxeram perspectivas originais sobre o mundo do conhecimento e da ciência . 

São narrativas que vão desde clássicos da ficção científica e aventuras fantásticas até passagens reais e dramas históricos – com enredos que não só despertam a curiosidade, mas também abrem a mente para caminhos menos óbvios e mostram a força da inventividade. 

Embarque nessas histórias e prepare a pipoca! 

O menino que descobriu o vento, de Chiwetel Ejiofor
(The Boy Who Harnessed the Wind, Reino Unido, 2019)

“Força, inventividade e muita determinação: é assim que nasce um cientista”, afirma a nossa cientista Úrsula Schmid. Sua indicação é “O menino que descobriu o vento”, drama britânico que conta a história de um garoto de 13 anos do Malawi que foi forçado a abandonar a escola porque o pai não podia arcar com as mensalidades. 

Mesmo com todas as dificuldades, o menino conseguiu continuar frequentando a pequena biblioteca local onde se apaixonou por livros de ciência. A leitura trouxe aprendizado sobre o funcionamento da eletricidade e dos motores - e como os moinhos eram usados para bombear água e gera energia.

Motivado pelo contexto de miséria em que vive, o menino constrói um sistema de moinho e de bombeamento de água que gera energia e transforma a vida dos moradores de sua aldeia. "A força de tudo que vemos na tela só aumenta quando ficamos sabendo que a história do filme é real”, diz ela. O longa é baseado no livro de autoria de William Kamkwamba – protagonista real da história -, com roteiro Chiwetel Ejiofor, que também é diretor e ator do filme.

Minority Report - A Nova Lei, de Steven Spielberg
(Minority Report, EUA, 2002)

Para nosso cientista Luiz Claudio Moreira Paschoal, a ficção científica é um gênero fundamental para pensar ciência e inovação. Para ele, “Minority Report” é uma obra sensacional para quem trabalha com sistema de informações para tomada de decisões. No filme, um departamento policial desvenda e impede crimes antes deles ocorrerem – graças à análise de informações coletadas e disponibilizadas em tempo real em painéis de vidro interativos, além da ajuda da visão de pessoas com um dom especial de prever o futuro.

“Mover as informações de um lado para o outro com as mãos, combinar facilmente os dados de origens diversas e olhar as informações distribuídas geograficamente pelos bairros das cidades são quase mágicas ainda hoje”, conta Paschoal.

Wall-E, de Andrew Stanton
(Wall-E, EUA, 2008)

Paschoal indica ainda “Wall-E”, desenho animado em que um robô tenta limpar todo o lixo deixado pela humanidade depois que a vida na Terra fica insustentável. “É um retrato da robotização das atividades e da ideia de que a ciência e a tecnologia são suficientes para contornar hábitos culturais e de consumo incompatíveis com o que o planeta pode oferecer de forma sustentável”, opina o pesquisador.

Jogos de Guerra, de John Badham
(War Games, EUA, 1983)

Um hacker - em uma época em que o termo nem era usado como hoje – invade um computador do exército americano e quase provoca uma guerra nuclear. Para um menino de nove anos, que já estava começando a mexer com computadores, “Jogos de Guerra” foi fascinação à primeira vista. “O personagem principal usava um modem para se comunicar com outros computadores e ter acesso a todo tipo de sistema, inclusive jogos (que era seu principal objetivo). Esse filme aumentou meu interesse pelas áreas de computação e eletrônica, que se tornaram hobby, profissão e grande fonte de motivação”, relembra Hardy Leonardo da Cunha Pereira Pinto, engenheiro de equipamentos e consultor.

Ao conectar seu micro ao sistema de defesa americano, controlado por um computador ultra sofisticado, o jovem provoca um estado de alerta, que poderia acabar causando a Terceira Guerra Mundial. “O filme me mostrou a importância de rodar cenários simulados - e que suas análises são essenciais para decidir o próximo movimento”, explica Hardy.

Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo, de Peter Weir
(Master & commander: the far side of the world, EUA, 2003)

Como foi a saga do jovem naturalista britânico Charles Darwin em sua célebre viagem ao redor do mundo a bordo do navio HMS Beagle? Conhecer melhor os bastidores e as tensões dessa jornada – que antecedeu a obra clássica “A Origem das Espécies”, de autoria de Darwin – foi o que levou o biólogo Rubens Nobumoto Akamine a escolher o filme “Mestre dos Mares”.

O filme conta a história de uma fragata britânica atacada por outra francesa e que parte em busca de vingança. Entre tempestades, batalhas, calmaria, discussões e demonstração de amizade, podemos conhecer mais sobre os hábitos e costumes da época na Marinha Britânica, e um pouco das ilhas Galápagos (que receberam a visita de Darwin). 

“Fiquei impressionado com o modo de vida da tripulação, tensões interpessoais, além da ciência e medicina da época. Um navio da marinha inglesa do séc. XVIII era um cárcere flutuante superlotado, com pessoas confinadas por meses ou até anos. Isso somente é possível graças a uma cultura interna muito forte, mantida mais por hábitos muito antigos do que pela autoridade dos oficiais”, aponta Rubens.

Tucker: um homem e seu sonho, de Francis Ford Coppola
(Tucker: The Man and His Dream, EUA, 1988)

Ao mostrar um caso real de mudanças promovidas na indústria automobilística do pós-guerra, o filme conta a história de um homem que resolve colocar em prática seu sonho de construir um carro revolucionário. É uma cinebiografia do empresário, inventor e visionário Preston Tucker que desenvolveu o Tucker Torpedo. O veículo tinha diversas inovações como o design aerodinâmico, mudanças no para-brisas, um farol central que virava acompanhando a direção do volante para iluminação nas curvas, além de uma segurança muito avançada para a época com cintos de segurança. 

E, para realizar seu sonho, Tucker enfrentou diferentes obstáculos e até ameaças pessoais. A grande lição do filme é que o sucesso depende principalmente da resiliência – exigida de um empreendedor que persiste e acredita em uma ideia, mesmo enfrentando o status quo e todo tipo de resistência. “É um incentivo a persistir em ideias que, mesmo exigindo grande esforço e mudanças de mindset coletivo, podem de fato trazer melhorias para as pessoas ou processos cotidianos”, afirma o pesquisador Leonardo Rabello da Silva.